Uau, que assunto polêmico! Muito se tem falado sobre a tiktokzação das profissões, mas vi apenas algumas poucas pessoas trazendo uma análise mais profunda sobre o assunto.
Bom, não é que eu vá falar tão profundamente sobre o tema, mas procurei encontrar algumas outras perspectivas sobre o cenário que temos hoje e sobre o que podemos esperar para os próximos anos.
Antes de começar, é legal eu dizer que bebi das fontes de alguns filósofos, antropólogos, tiktokers e fofoqueiros de plantão (variado né? haha) e que, apesar de muitos conceitos serem estudados, as análises são a minha perspectiva e pontos de vista.
Fique a vontade pra concordar ou quem sabe, debater e tornar tudo ainda mais interessante. Comentários abertos galera.
Gosto muito de começar trazendo um contexto histórico e não poderia não falar da grande avalanche de novidades que os últimos 10 anos nos proporcionaram dentro do ambiente digital.
Se você chegou agora e não sabe, há pouco tempo a gente precisava esperar dar meia noite, rezar pro modem conectar, a pessoa estar online no msn e a gente poder bater um papo.
Tudo é muito recente e rápido. A evolução que ocorreu nos últimos 10 anos sozinhos, foi maior que todo o século (parece óbvio né?).
A tiktokzação das profissões não foi algo que aconteceu da noite pro dia, é algo que vem sido anunciado a um tempinho e, quem se mantinha atento já poderia prever.
Quando as redes sociais começaram a passar por atualizações cada vez maiores e mais frequentes, pensadas cada vez mais nos usuários e em seus comportamentos, era possível já perceber o que estava (e está) por vir.
Não faz muito tempo que o ambiente digital passou a ser visto como uma grande feira de negócios, possibilitando que pessoas se vendessem, vendessem seus produtos, suas marcas e seus serviços online. Com o advento dos espaços de mídias, blogs, sites, anúncios patrocinados e até a massificação do e-commerce, o digital passou sim, a ser mais que um ambiente de interação e comunidades no Orkut (RIP).
Se pensarmos que na última década, o número de pessoas online mais do que triplicou, é entendível saber porque tanta gente ainda não sabe bem quais são as regras e se é que elas existem por aqui.
Pensa só, nós somos seres humanos e o que nos diferencia dos animais é a nossa capacidade de criar novas culturas. Nós não apenas nos adaptamos a ela, nós a construímos ao mesmo tempo em que nos adequamos a isso. Complexo né?
Se a cultura surge a partir da nossa capacidade de comunicar, da nossa criação de linguagens e, as redes sociais são uma nova linguagem, é compreensível que essa nova cultura venha crescendo, se massificando e mudando a cada novo ano, com uma nova geração de jovens e adolescentes que já nasceram nesse novo cenário.
O ciclo é infinito, como falei acima: Ao mesmo tempo que produzimos a nossa realidade, ela nos molda.
Ufa! Tá acompanhando meu raciocínio?
Calma que só falta mais um ponto pra gente seguir pra minha análise da tiktokzação das profissões.
Somos seres sociais
Vamos adicionar ao fator construção de cultura, o fato de sermos pessoas individuais e seres extremamente sociais. Nós precisamos interagir, compor um grupo, sentir que estão nos vendo e nos ouvindo.
Olha aí quem chegou pra suprir essa necessidade em proporções jamais imaginadas. Isso mesmo, as redes sociais.
Os limites que antes nos prendiam a grupos menores e mais “controlados” já não existem mais e com isso, nosso cenário de comparação, pertencimento e frustração está cada vez maior.
Agora que chegamos até aqui, fica mais fácil entender que como tudo, a forma de enxergar as pessoas e as profissões também mudou.
Negar isso é negar a existência do humano. O contexto cultural está em mudança e assim vai continuar pra sempre.
Os reflexos dessa nova forma de pensar e agir, chegam na vida real e no que temos como referência. Ela impacta a nossa forma de escolher o que comprar, onde comprar, pra onde viajar nas férias, em quais restaurantes comer e, fatidicamente pra alguns, quais profissionais escolher.
Surgem influenciadores digitais
O boom dos profissionais que ditam tendência tem muito a ver com isso. Eu me incluo nessa com certeza. Todas as vezes que quero conhecer um novo restaurante ou saber se vale a pena, eu dou uma sondada na galera que fala sobre isso no Instagram e só então, decido se dou uma chance ou não.
Não é que eu faça isso todas as vezes, mas esse é um traço da minha personalidade, aventurar-me pelo desconhecido. Conheço algumas pessoas que não estão assim tão abertas e dispostas a conhecer sem um feedback de blogueiros.
Lembra que eu disse que ao mesmo tempo em que criamos a realidade, ela nos molda? Pois bem, a cada nova área de profissional que chega ao universo dos influenciadores, uma nova galera se sente pressionada a também estar ali.
E como é tudo muito recente, muito novo e ninguém fez o favor de divulgar as regras do jogo, a gente vai se adaptando e fazendo como pode. Ou contrata profissionais da área de social media para nos ajudarem a construir essa presença que de repente, se fez necessária na nossa área também.
Medicina, nutrição, psicologia, tatuagem, publicidade e até investimentos são só alguns exemplos de áreas que se viram obrigadas a entrar pra tiktokzação das profissões.
Essa lista cresce e muda toda hora, a cada segundo tem alguma pessoa em casa lamentando o fato de não conseguir criar uma rotina de publicações sobre a sua atuação no mercado de trabalho.
E aí, eis que como a cereja do bolo dessa época, chega ele.
E aí, eis que como a cereja do bolo dessa época, chega ele.
Cheio de polêmicas nos países que foram vendo seu crescimento gigante em pouco tempo, cheio de novas pessoas baixando a cada minuto por promessas de dinheiro fácil ou simplesmente pela curiosidade: o TikTok.
A rede social onde as pessoas fazem dancinhas chegou como o pesadelo das profissões.
Será que eu preciso aprender a dançar aos meus 50 anos de idade e 20 de profissão? Se perguntam muitas pessoas.
Essa pressão pela presença não se dá atoa amigos, é um fato comprovado e visto por muitos clientes que me procuram, a queda brusca em faturamento quando não se mostram na vitrine digital.
E bom, nós sabemos que quando a coisa chega no nosso bolso, a brincadeira fica séria.
Pensa só, você com certeza já ouviu falar de pessoas que foram indiciadas ou presas por estarem praticando uma profissão para a qual não se formaram. Quem não se lembra do médico que se disse formado por Grey’s Anatomy?
Infelizmente, como o nosso ambiente de busca e decisão mudou, vez ou outra vemos pessoas que não deveriam pregar dietas ou diagnósticos online ganhando fama e dinheiro.
Olha a quantidade de pessoas que lançaram músicas, viraram atores e atrizes, encheram suas agendas nos consultórios ou escritórios por uma dancinha que viralizou.
Isso tudo traz sim uma pressão ENORME para quem é profissional e precisa pagar as contas.
A prova está no crescimento alarmante de pessoas diagnosticadas com depressão, ansiedade, insônias, problemas gástricos e etc.
Crescem as doenças da mente
Não só pela frustração profissional imposta pelo cenário, mas também por um ambiente de comparação de vida pessoal cada vez mais inatingível.
Bom, aí está algo que aproxima as gerações (infelizmente). Estamos vendo um crescimento de laudos para pessoas cada vez mais novas e em maior quantidade desses tipos de doenças da mente.
Eu sei que falei lá no começo que tudo isso é natural e inevitável, mas não é por isso que não seja alarmante.
A tiktokzação das profissões é sim algo que precisa ser discutido. Mas precisa ser visto sob a perspectiva que existe e não vamos retroceder nesse cenário tão cedo. Então e aí, como vamos jogar esse jogo?
Bom, eu acho que isso já vem acontecendo, estamos vendo mais pessoas falarem sobre esse assunto, discutindo sobre os impactos na sociedade e na saúde mental e física.
Vemos a criação de grupos de apoio, encontros de networking ou fóruns que se propõe a falar sobre o tema.
A saturação dessa avalanche está bem próxima e acho que a tendência é que as coisas comecem a entrar numa certa “média normal”. Não, não é por agora, mas a pandemia contribuiu um pouco para adiantar esse processo.
O que fazer?
Se eu posso dar uma dica honesta, é que você não ignore isso tudo. Óbvio que você sempre vai ter o direito da escolha.
Mas não é pelo fato de você não querer entrar para o movimento da tiktokzação das profissões que ele vai sumir. Entenda como você pode se adaptar a essa nova cultura.
Onde você quer estar presente e como? Mesmo que esse onde seja no offline, saiba elaborar a sua profissão estrategicamente.
Você não precisa fazer dancinhas pra estar ali, conteúdo/conhecimento ainda é a principal moeda de troca das pessoas, então que tal tentar compartilhar um pouco do que você sabe e aprendeu na sua profissão, com as pessoas no ambiente digital?
Se até as universidades e escolas estão precisando se adaptar a esse novo contexto de aprendizado e vivência, o que acha de tentar mudar um pouquinho da sua forma de encarar esse bicho de 7 cabeças, que no fim é só mais uma pelúcia fofinha?
Uaaau. Chegamos ao fim?
Ah, antes do ponto final: e o futuro heim?
Ah, antes do ponto final: e o futuro heim?
Acho que como podemos ver há séculos, nós vamos continuar nos moldando. Só que em velocidades cada vez maiores.
As crianças de hoje são absurdas e assustadoramente tecnológicas. O que tudo isso que já estamos passando pode nos ensinar sobre os próximos anos, heim?
#reflita
Beijos