Biodesign é uma técnica que aos poucos vem marcando presença no mercado do design e da arquitetura, possuindo como principal objetivo a aplicação da biologia e dos elementos naturais a favor do design e das cidades, por meio da utilização de organismos vivos integrados aos projetos ou produtos. Neste artigo, você irá descobrir como essa relação pode diminuir os impactos causados no meio ambiente.
A cada dia que passa somos surpreendidos com informações de todos os tipos mostrando-nos como é possível e necessário repensar e reformular as nossas formas de produção utilizando metodologias naturais de fabricação.
Esses veículos de notícias, em sua grande parte digitais, sinalizam uma nova vertente de criação baseada não mais em produtos sintéticos, os quais vão muito além da tecnologia digital e da informatização, uma verdadeira união entre a biologia e o design.
Técnicas sustentáveis têm ganho maior visibilidade por parte das pessoas, empresas e indústrias, visando uma necessidade urgente de adaptarmos nossos costumes, que, de modo geral, em nada estão alinhados com as práticas ambientais conscientes.
É neste cenário que se insere o Biodesign, talvez uma das maiores alternativas na contemporaneidade para repensar-se os processos produtivos nessas áreas, fazendo o uso de organismos vivos como parte constituinte de produtos e serviços (ou que os utilizem no processo produtivo), agregando a tecnologia de ponta da natureza à procura de soluções para a vida moderna.
Uma das grandes vantagens do Biodesign é que os produtos criados não são descartados , e sim reabsorvidos pelo meio ambiente no ciclo de nutrientes da natureza. Já está mais do que entendido que o Biodesign, se utilizado de maneira inteligente e equilibrada, só trará benefícios às residências, locais de trabalho e às nossas cidades.
Seja na arquitetura ou na criação de produtos, o Biodesign terá que ser visto com ‘futuralidade’, ele já é caracterizado por diversos especialistas da área como uma técnica que não é cara, pelo contrário, o objetivo aqui é a acessibilidade, o baixo custo e a facilidade de produção.
O Biodesign necessita ser um modelo mental de todos, ver o futuro e as mudanças de forma natural. Acredito que nosso comportamento consumista e produtor será contínuo, contudo, tais aspectos estarão mais integrados com os ecossistemas e tentarão, até conseguir melhorá-los!
Conheça agora, exemplos de projetos e marcas que já adotaram o Biodesign
Enquanto a indústria da moda é anunciada como a segunda mais poluente do mundo, perdendo apenas para o petróleo, uma geração de estilistas, designers, cientistas e empresários investe em pesquisas que integram a tecnologia e a natureza, em busca de soluções sustentáveis para a elaboração de roupas, acessórios, móveis e processos. Aqui estão alguns exemplos de projetos que já se adequaram a essa técnica:
1- Reebok:
A marca americana lançou em 2019, com o importante objetivo de reduzir a produção e o consumo de plástico, o tênis biodegradável Cotton + Corn.
O modelo sustentável é produzido com tecido 100% algodão, o solado é feito a partir do milho, a palmilha tem óleo de mamona em sua composição e a embalagem é 100% reciclável.
O calçado esportivo custa R$399,99 e está à venda, exclusivamente, no e-commerce da marca. O tênis contém 75% de matéria-prima biodegradável e está disponível nas cores azul, nude, rosa e verde.
2- Adidas:
A Adidas parece querer realmente apostar suas fichas no tema sustentabilidade para provar que é uma empresa consciente e em sintonia com as atuais necessidades da sociedade.
Produzir sapatos feitos de plásticos retirados dos oceanos foi uma das apostas de sucesso da marca, que transformou milhões de garrafas plásticas descartadas indevidamente em tênis de corrida de alta performance.
Com apenas 11 garrafas recicláveis, a marca produziu um par de tênis para lá de futurista, incluindo o material na confecção de revestimento dos calcanhares, das capas dos forros das meias e do design externo.
Apesar dos tênis terem um preço consideravelmente “salgados” de até US$ 220 (R$850,00) por par, o feedback dos consumidores têm sido bastante positivo, valorizando seu design leve, moderno e duradouro, além de estarem dispostos a pagar um pouco mais caro para comprar produtos personalizados e eco-friendly. Confira:
This Adidas Shoe Is Made Out Of Ocean Waste | CNBC
Outro revelação feita pela Adidas, agora, foi o primeiro tênis feito com Biosteel, uma fibra de alta performance completamente natural e biodegradável.
Apresentado durante a conferência Biofabricate, em Nova York, o protótipo do Adidas Futurecraft Biofabric foi elaborado em conjunto com uma empresa de biotecnologia alemã, a AMSilk. De maneira geral, o produto possui fibra 15% mais leve do que as soluções sintéticas tradicionais e também é mais resistente do que os materiais naturais já disponíveis no mercado.
Segundo a empresa, o lançamento dará continuidade às inovações sustentáveis da Adidas, que agora atravessa uma fronteira totalmente nova ao investir em soluções que trazem a ciência e a natureza como parte das inovações em seus projetos.
Além da linha de calçados, a empresa também produz camisetas de material reciclado, como as utilizadas pelos jogadores da Liga dos Campeões, para clubes como o Bayern de Munique, da Alemanha.
3 – Osklen:
A Osklen é considerada protagonista desse movimento no país, sendo a primeira marca brasileira a ganhar o prêmio da GCC (Green Carpet Challenge) Brandmark, certificador da excelência sustentável, que já atestou etiquetas como Stella McCartney, Gucci e Choppard.
O prêmio foi destinado a sua linha de bolsas feitas com pele de Pirarucu, um peixe da região Amazônica.
A Osklen, junto com o Instituto-E, utiliza a pele do peixe em vários de seus produtos. Tradicionalmente, apenas a carne do Pirarucu era aproveitada, já que a pele era descartada. No entanto, eles transformaram esse resíduo em matéria-prima por meio de um processo de baixo impacto ambiental.
A marca informa que, hoje, 48% dos acessórios em couro produzidos possuem a pele do Pirarucu em sua produção. E ainda tem uma causa social por trás: esse trabalho envolve 378 comunidades do Amazonas e Acre. Além disso, estima-se que cerca de mil famílias ribeirinhas foram beneficiadas com a iniciativa, seja pela pesca ou pelos benefícios da geração de emprego e renda.
4 – Shell Works;
A equipe multidisciplinar da empresa Shell Works, de Londres, trabalha para reaproveitar parte dos quase 7 milhões de toneladas de resíduos de crustáceos produzidos por ano.
O time produz embalagens compostáveis a partir da extração de um biopolímero chamado quitina, proveniente dos resíduos de frutos do mar, transformando cascas de lagostas em plásticos recicláveis e biodegradáveis.
O material resultante além de versátil e bonito, fertiliza o solo à medida que se degrada em quatro a seis semanas após ser descartado.
5 – Alice Potts:
Em 2030, você acha que seus acessórios serão feitos do quê? A designer Alice Potts tem uma sugestão: suor humano!
Através de uma visão interdisciplinar sobre a moda, a designer resolveu desenvolver uma abordagem mais humana – literalmente – e criar acessórios com base no suor do corpo humano.
Alice percebeu que poderia explorar essa matéria-prima por meio das linhas brancas que o suor, ao secar, deixa como rastro nas roupas de academia das pessoas. Essas linhas eram formadas por pequenos cristais de sal, que não evaporaram.
“Então, se eu pudesse coletar grandes quantidades de suor e condensá-los em um cristal, qual seria o tamanho e como seria? Foi quando a coisa toda ficou fora do controle”.
Segundo Alice, no futuro tudo ainda terá um balanço perfeito entre tecnologia e biologia. E usando a biologia, cada país será capaz de materializar os designs com os materiais disponíveis.
É preciso começar a olhar para os materiais disponíveis ao nosso redor, o design pode até ser o mesmo, mas o material com o qual ele é produzido pode ser muito diferente.
6 – Emerging Objects;
A empresa sediada em São Francisco, na Califórnia, está tornando-se referência quando o assunto é projetos inovadores de impressão 3D.
As criações da marca incluem tijolo cerâmico poroso, que esfria gradativamente o interior das edificações, um bule impresso a partir do chá, móveis elaborados de pneus reciclados e uma pequena casa sustentável apelidada de “Cabine de Curiosidades”.
Podemos dizer que é uma demonstração grandemente elaborada de que o processo de impressão 3D pode ser sustentável, bonito e dinâmico. A casa é construída com cerâmica impressa em 3D a partir de cascas de um determinado tipo de uvas recicladas, serragem, café, cimento e bioplástico translúcido. Diferente, né?
Como o Biodesign vê o futuro?
Algumas dessas tecnologias, técnicas e hábitos já estão disponíveis, contudo, ainda é necessário realizar investigações para entender melhor como os organismos funcionam em nível molecular e também como interagem uns com os outros.
Descobertas cruciais ainda estão sendo feitas. Haverá um longo período de tempo para que estejam mais integradas ao dia a dia de uma casa, por exemplo.
Devemos nos adaptar mais, a cada dia, às mudanças construtivas e de espaços em um futuro próximo, o que nos faz enxergar um trajeto urgente para começar a repensar o status quo do design, da arquitetura e da engenharia civil neste mundo que já não suporta mais processos tão arcaicos.
Mas e você, já conhecia alguma das vertentes do biodesign? Ainda tem dúvidas que eles estarão cada dia mais presentes em nosso futuro? Fica a reflexão…
Até breve, nos encontramos em um próximo texto!