A gente acha legal dizer que é perfeccionista, soa bonito, parece que o “perfeito” é algo tão incrível, né? De fato é, mas deixa eu te contar uma coisa: nada é perfeito, simplesmente porque nada está tão pronto que não possa ser melhorado. Então, porque querer ser algo que não existe?
Eu, por muito tempo, atribuí o perfeccionismo à minha essência e tudo que eu me propunha a fazer, especialmente as coisas do profissional — tinha que ser “per fei to” — Eu dizia com orgulho: “Eu sou perfeccionista!”.
O que aconteceu com o tempo é que notei que o que eu achava uma qualidade e um diferencial, na verdade, era uma grande muralha que estava me impedindo de avançar e evoluir.
Oi gente, me chamo Jaider e estou há mais de (nem sei mais o tempo) sem buscar a perfeição.
Pega sua caneca de café, chá, suco ou água e continue lendo, que vou contar as coisas que descobri nessa jornada e como fiz pra me tornar imperfeito e feliz.
O que é ser perfeccionista?
O perfeccionista é obcecado pelo desejo de realizar todas as tarefas com perfeição, não aceitando nada menos que isso, ou seja, sem falhas, sem erros.
Possui um elevado padrão de autoavaliação, o que pode resultar em coisas positivas, como alcançar bons resultados na vida, conquistar reconhecimento, respeito, etc., No entanto, pode ter desfechos bem negativos, como ansiedade, depressão, angustia e alguns outros transtornos / psicopatologias, como o TOC, por exemplo.
A busca pelo que é perfeito é SEMPRE frustrante, porque como falei ali em cima, algo que chegou ao ponto máximo de evolução não existe. Nem pessoas, nem qualquer coisa que essas pessoas façam. É uma ilusão, uma prisão e um sofrimento em vão (até rimou).
Vai por mim que sou ex-perfeccionista e posso dizer com propriedade: ser imperfeito é muito mais legal e nos proporciona muito mais oportunidades na vida.
Quer a verdade, mesmo? Perfeccionismo é a insegurança disfarçada.
Mas como assim? Eu sou altamente capacitado no que faço.
Engana-se quem acredita que seu nível de segurança está relacionado ao quanto é capacitado ou especializado no que faz, ou ainda o quanto é reconhecido e reverenciado pelos outros.
Insegurança está relacionada ao medo de ser avaliado. Ser criticado.
Querer ser perfeito nos trava.
O perfeccionista anda lado a lado com o medo, todos os dias, o tempo todo e não existe trava maior que o medo.
“E se eu fizer errado?”, “Não posso decepcionar”, “Como serei avaliado?”, “Melhor não fazer, então!” — Essas autoafirmações cruéis pairam sobre as mentes do perfeccionista. Elas reforçam o sentimento da dúvida, gerando medo e travando. Isso vira um ciclo.
A raiz do problema é que quem tem a necessidade de buscar a perfeição não é capaz de suportar críticas e geralmente, essas pessoas são dotadas de superegos, tornando inaceitável a remota ideia de ser reprovado por alguém, ser rejeitado, ser cancelado. Exceto por elas mesmas.
Se tem duas coisas que quem busca ser perfeccionista tem, é uma gigante autocrítica e autocobrança. Isso porque se temos medo de que vejam nossas falhas, vamos tentar a todo custo encobri-las, tentando prever todas as frestas pelas quais elas possam ser reveladas. Isso consome muita energia.
Quer ver um exemplo meu?
Eu já cheguei a recusar muitas oportunidades, simplesmente, porque eu não teria um grande prazo de antecedência. Coisas como palestras em locais relevantes, convites para dar cursos que poderiam ser sensacionais e projetos que elevariam muito o nível do meu portfólio.
Tudo isso, porque para satisfazer a falsa sensação de ser perfeito em todas as essas coisas, eu precisaria de um logo tempo para me preparar. Um longo tempo para tentar prever todas as minhas possíveis falhas.
Antes feito que perfeito
Essa frase foi dita a mim por um amigo e ex-sócio e demorei muito pra entender o sentido dela. Mas logo que entendi, coloquei em prática e tudo mudou.
Quem me conhece e segue meu Instagram, sabe que eu era um cara muito tímido para gravar vídeos e isso só passou quando resolvi chutar o balde de vez. Veja um exemplo.
Outro ponto, é que o perfeccionista não está disposto a lidar com o imprevisível, porque isso exige improviso e improvisar é muito arriscado. Por isso ele gasta muito tempo planejando, revisando, planejando, revisando…
Além disso, estes indivíduos não conseguem sair do óbvio, inovar, arriscar algo diferente. Afinal de contas é muito mais seguro permanecer nas convenções e naquilo que já “dá certo”, que todo mundo faz. Porque fora disso é passível de falha e falhar não é nada perfeito, né?
Em resumo: planeja, planeja, planeja…. com medo de errar e no final das contas, faz o básico, com medo de errar.
Sabe o que mais eu descobri?
Eu já era excelente há muito tempo, mas a necessidade de ser perfeito em tudo e o medo do julgamento negativo dos outros, não me permitiu ver isso antes.
Mas com assim, excelente num é perfeito?
Só se for no dicionário, porque para quem tem a autocrítica elevada, excelente é apenas muito bom, de ótima qualidade, super, primoroso, exímio, inigualável… mas perfeito? Ah, perfeito é perfeito né?
Fiquei atento, porque provavelmente seu perfeccionismo também está te impedindo de ver todo seu potencial.
Como deixar o perfeccionismo pra trás e voar?
Antes de mais nada, não desconsidere uma boa terapia. É muito bom conversar com alguém que vai te ajudar a entender esse sentimento e te mostrar ferramentas para lidar com ele.
Da minha parte, um mero publicitário, empreendedor, designer e ex-perfeccionista, o que posso dizer é: Ligue o botãozinho do f*od4a-se para os julgamentos dos outros e arrisque-se mais. No final das contas, vão restar bons aprendizados de tudo que não deu certo e você poderá aproveitar cada um desses erros para construir coisas sensacionais.
Sabe aquelas paixões que você tinha por colegas na escola e até hoje num sabe se poderia ter dado certo? É mais ou menos assim que acontece com tudo que o medo no impede de fazer ou tentar, na vida.
Espero que meu texto tenha, de alguma forma, te ajudado. Até o próximo artigo 🙂