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Porquê o cliente cria conexão com a sua marca

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O tempo todo nos deparamos com marcas que são capazes de se diferenciar de seus concorrentes, entregar valor para os clientes, ao criar uma conexão que quase se assemelha a um caso de amor eterno. Quais segredos não revelados elas foram capazes de descobrir e colocar em prática? Será que existe um mapa do tesouro? Uma receita mágica que essas empresas possam compartilhar? Talvez o caminho seja entender o porquê de estas empresas alcançarem resultados tão expressivos e verdadeiros.

Quando decidimos investir em nossa ideia de negócio, sentimos certa ansiedade de visualizá-lo por meio do logo. A decisão de começar a rascunhar o desenho, cores e a fonte num papel ou algum programa de design é imediata, quase intuitiva para dizer melhor. Até para explicar para um profissional da área ou para o sobrinho já levamos a ideia adiantada.

É como se boa parte dos problemas já estivessem resolvidos, quando conseguimos pensar uma palavra associada ao desenho que ‘materialize’ todas as nossas intenções. Mas antes disso é preciso fazer um caminho que ajude a construir um sentido que seja capaz de envolver as pessoas de fato.

Outro dia me deparei com um vídeo do inglês Simon Sinek que me ajudou a organizar o pensamento sobre essa construção. Ele foi capaz de identificar alguns pontos comuns entre a forma como grandes líderes, marcas e empresas inspiram as ações do seu público.

Este foi o grande trunfo que Sinek descobriu e hoje anuncia nas palestras que ministra mundo afora. Ele percebeu que toda a construção de sentido de uma empresa deve ser iniciada pelo “porquê” elas fazem o que fazem.

O “porquê” que dá sentido

E para responder a esse porquê, nós também devemos nos perguntar: Por que quero colocar em prática essa ideia? Por que esse problema me motiva a criar um negócio? Por que as pessoas escolheriam usar o meu produto ou serviço? Por que levo adiante o meu modelo de negócio a ponto de saber exatamente o porquê pular da cama cedo todos os dias para desenvolvê-lo?

Sinek defende que muitas empresas, inclusive já estabelecidas no mercado, se preocupam em ser definidas pelo “o quê” fazem e “como” fazem, esquecendo qual é o seu DNA, a essência das suas ideias. Não buscam compreender o verdadeiro sentido que as conduzem a fazer o que fazem, do porquê decidem apostar no que acreditam.

Porquês

Segundo ele, as pessoas não compram o que você faz, mas porquê você o faz. Somente dessa forma, elas serão capazes de compreender as nossas intenções e conectar ao propósito pela compreensão que faça sentido para elas também. Simon disse exatamente assim: “quando uma organização se define pelo que ela faz, isso é tudo o que ela será capaz de fazer sempre”.

Esse é o propósito!

Para confirmar a teoria de Sinek na prática, podemos colocar aqui alguns exemplos como o da Natura, que outro dia foi indicada numa pesquisa recente da agência Ana Couto, que estuda estratégia de marcas, como a empresa que mais está associada a um propósito, de acordo com os consumidores. Em segundo lugar foi apontada a gigante Nestlé. Pelos conceitos do marketing 4.0, Philip Kotler defende o quanto as pessoas hoje buscam nas marcas um diferencial que as conectam de fato a um propósito.

Essas empresas são capazes de atuar a partir desse propósito, sem colocar somente o lucro acima do bem e do mal, criando vínculos emocionais e proporcionando experiências incríveis para os seus consumidores. Mas a percepção sobre a importância da construção de sentido pelo ‘porquê’ é o primeiro passo de um longo caminho: a marca precisa tornar-se conhecida para vender seus produtos, criar conceito de valor e conexão emocional até chegarmos ao engajamento das pessoas.

Saber responder o “quê” e o “como” também são relevantes nesse processo, mas não são neles que devemos nos apegar para criar o conceito da marca, por mais que pareça confuso e difícil de se explicar e ser entendido. E muitas vezes deixamos essas reflexões de lado, para nos dedicarmos à objetividade do que estamos criando e que precisa ser traduzido para os clientes e prospects. Mas o protagonista da história é o propósito, que faz toda a diferença na construção da comunicação da marca.

O Círculo de Ouro com um coração no meio

Daí a sugestão de adotarmos o movimento inverso ao que geralmente as empresas fazem: primeiro devemos explicar o nosso ‘porquê’ e depois ‘o quê’ e o ‘como’, que são coadjuvantes na mesma série. Essa mudança de percepção é conceituada como Círculo de Ouro por Sinek, que desenha três esferas, formando a imagem que se assemelha a um alvo. No centro deve estar sempre o nosso ‘porquê’ e nos demais círculos o ‘quê’ e o ‘como’.

Peço licença poética ao Simon Sinek para recriar o seu desenho de três círculos. Ao meu ver, um coração no centro reforça ainda mais o poder do sentido que ele propôs com assertividade simples e poderosa. E visualmente pode reforçar ainda mais o que foi proposto por ele.

Vale ainda compartilhar um conhecimento gramatical que aprendi com a minha professora de português preferida, tia Inês Belem, que desde a infância me ensinou com carinho e me alertou sobre a importância de escrever a língua portuguesa corretamente: o ‘porquê’ escrito junto e com acento é um substantivo que pode ser substituído por “motivo”. No dicionário motivo significa a razão de ser <3. Essa explicação cria ainda mais sentido para justificar a intenção desse artigo, que reitera a contribuição tão interessante feita por Sinek.

Lembre-se, caro leitor, que esse movimento deve acontecer sempre de dentro para fora. Somente dessa maneira, as pessoas serão capazes de compreender as nossas intenções reais e se conectarem ao nosso propósito que será percebido pela essência, a alma, o coração da marca. E isso vai acontecer por pura afinidade e desejo de compartilhar as ideias, estilo de vida e valores sobre os porquês a marca do seu negócio é capaz de traduzir e realizar na vida das pessoas.

E então qual é o seu porquê? Está disposto a fazer este exercício?

Pode ser uma experiência de imersão que você nunca pensou em fazer pela sua marca, seus clientes e pelo sucesso do seu negócio.

E mesmo que esteja começando a empreender agora, vale a pena começar pelo começo, que é onde tudo pulsa diferente![/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

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