A música se encaixa em nós, onde nos toca ou para quem tocamos.
Sempre gosto de me lembrar do orgulho que sentia nas apresentações dos finais de semestre com os meus alunos de guitarra, violão e contrabaixo. A minha satisfação começava ao apresentar a minha proposta e aquilo o que podia lhes proporcionar como professor de música. Eu perguntava:
– Você quer tocar IGUAL ao seu guitarrista preferido? Ser um guitarrista que toca “rápido”, do tipo aqueles que praticam “olimpíadas” com os dedos, ou tocar de forma criativa?
Alí, dependendo da escolha, eu ganhava mais um aluno ou o encaminhava para algum colega. Sim! Eu muitas vezes perdia o pequeno aprendiz, mas trabalhava com leveza e poderia apresentar realmente o que entendo sobre música, como arte e não ferramenta. Esta é uma situação sempre muito delicada. A disputa por alunos é comumente acirrada. Abrir mão de um pode não ser visto com bons olhos.
Quando um músico gosta de tocar IGUAL cada nota, tempo, timbre e por aí vai, sem dúvida ele é um excelente músico, um artista intérprete fenomenal. Mas na grande maioria das vezes o seu criativo será comprometido. É um músico perfeito, mas acaba cristalizado em uma bolha onde apenas os acertos são aceitos. A tentativa e a “quebra de regras” não tem vez e, quando se arrisca em uma composição, se torna praticamente um clone do seu artista preferido.
E aquele músico, o das “Olimpíadas de dedos”? Extremamente técnico, toca muito, muito mesmo, mas tanta velocidade não dá vazão para a sensibilidade. Existem exceções? Sim, sempre há! Em todos os casos. Só que o excesso de técnica limita a criação, o músico se vê engessado em padrões, modos e escalas, muitas vezes impossibilitando o improviso.
Trabalhar a música criativa exige mais sensibilidade, delicadeza, entrega, emoção, e principalmente a quebra de regras, dando grande abertura ao improviso. A aceitação do grande público para este tipo de música é menor.
Tocar “cover” ou ser um guitarrista que executa “mais rápido” são sem dúvida os músicos que mais impressionam, seja pela perfeição à cópia da música original ou pela velocidade de execução.
Conclusão: A música se encaixa em nós, onde nos toca ou para quem tocamos.
Não há erro nenhum em ser qualquer um destes tipos de músicos. São “áreas” diferentes dentro da música a serem respeitadas. Infelizmente, músicos imaturos não conseguem perceber que esta diferença é o “grande barato do negócio”.
A educação musical é muito importante, traz para nós estas observações que servem também para a vida, seja no trabalho, família ou amizade, afinal.