Estamos em plena era da experiência e você vai me dizer que seu trabalho de criação se resume, simplesmente, a só um logotipo? Se você ainda acredita nisso, leia este artigo até o final. Pegue seu café e vai rolando aí.
Quando o cliente te disser que o que ele precisa é só um logo, lembre-se da seguinte frase de Steve Jobs: “As pessoas não sabem o que querem, até mostrarmos a elas.“
Você, como profissional, tem o importante papel de mudar essa visão equivocada e minimalista do processo criativo de uma identidade visual, mostrando o que, realmente, o negócio do seu cliente precisa e qual o percurso necessário para se chegar a esse resultado.
O que é um logo, mesmo?
Um logotipo, logomarca ou simplesmente logo é um conjunto formado por duas ou mais letras fundidas em um só tipo, compondo uma sigla. Essa peça de design identifica ou representa uma entidade – marca de produto ou serviço. (Wikipedia)
Em outras palavras, é o símbolo e/ou letra estilizada que serve como identificação para uma empresa, produto, marca, etc.
Porque você deve responder “não” quando te perguntarem se você faz só um logotipo?
Não sei se você conhece, mas vamos lembrar da velha história do cara que apertou o parafuso e cobrou 1000 reais.
Quando o cliente questionou o valor para uma tarefa tão simples, ele respondeu: pra apertar o parafuso foi 1 real, 999 foi pelo meu conhecimento e experiência em saber qual era o parafuso certo.
No exemplo acima, o cliente não procurou o profissional para apertar o parafuso. Ele precisava que algo fosse consertado. Na história original, o objeto a ser consertado era um computador de grande porte e altamente complexo.
Trazendo para o nosso tema, talvez o que o cliente precise que seja consertado, é a perceção da sua marca ou do seu negócio, diante dos consumidores e parceiros. E o parafuso, nesse caso, seria o logotipo, o design certo para a marca.
Talvez você esteja tão habituado a “apertar parafusos”, que se esqueceu de quais conhecimentos e informações precisa ter para executar da melhor forma o projeto do seu cliente, entendendo os sentimentos, conceitos e personalidade que devem ser traduzidos na forma de um logotipo, para representar, de fato, o negócio, produto ou serviço em questão. Não é só um logotipo!
Além disso, criar só um logo, comunidades de designers fazem e ainda dão para o cliente dezenas de opções pra ele escolher. Tudo isso em pouquíssimas horas e num PREÇO que cabe no bolso, sem grandes sacrifícios.
Observe que fiz questão de colocar a palavra PREÇO em caixa alta e em negrito, para enfatizar diferença brutal de preço e VALOR.
Se o cliente vier perguntando QUANTO CUSTA para você criar uma logomarca, essa será uma boa oportunidade de você conscientizar mais uma pessoa que não se trata de “só um logo”.
Mas se não é só um logo, o que é?
Primeiramente vamos esclarecer que não se trata de “gourmetizar” seu trabalho, se trata de evidenciar e valorizar todos os processos envolvidos antes, durante e depois da execução do seu processo criativo.
A ideia não é “encher linguiça” ou criar argumentos mirabolantes para vender seu trabalho e conseguir mais um contrato. Trata-se de mostrar o processo todo que vai resultar na identidade visual e criar a percepção que o trabalho é bem maior que parece, que existe um bastidor antes daquilo que, de fato, será visto ao final, no design.
O que vem antes?
Você deve explicar para seu cliente que o logotipo é o resultado gráfico final de todos os processos ou passos executados previamente, como por exemplo:
Briefing – Um questionário que te ajuda a conhecer melhor a empresa e serviços/produtos oferecidos pelo seu cliente. Essas respostas também vão te mostrar as expectativas que há em relação ao projeto.
Moodboard: Um painel de imagens que ajuda a identificar, pelo ponto de vista do cliente, os sentimentos que a marca transmite ou deveria transmitir.
Pesquisa e imersão: Depois de conhecer o mercado e o negócio pela perspectiva do cliente, é hora de você buscar ir mais fundo para encontrar a melhor linguagem e forma de comunicar a nova marca.
Só depois disso tudo é que deve vir a criação do design do logotipo. Aí é com você.
O que vem depois?
Agora você deve destacar, também, tudo que vem depois da aprovação do design do logo e que também faz parte das suas entregas:
Manual da identidade visual e aplicações: Hora de mostrar toda sua criatividade para derivar do logotipo, todos os elementos que você acha necessário para uniformizar a papelaria institucional, uniformes, redes sociais, promocionais, etc. Nesse documento você também deverá definir as variações de aplicabilidade, tipografias de apoio, dentre outros parâmetros. Veja alguns exemplos para te inspirar.
Envio dos arquivos: Descreva como será a estrutura de arquivos que você vai entregar ao final de tudo. PDF editável, PDF com marca de corte e sangria para impressão, AI, CDR, PNG, etc.
Acompanhamento: É bom, sempre que possível, estar presente e dar um suporte na contratação dos fornecedores gráficos, arquitetos, fornecedores de brindes, etc.
Não estou dizendo que esse processo detalhado aí acima é o ideal, mas tem funcionado pra mim :)
Mostre profissionalismo desde o começo
Se você pretende mostrar valor no seu trabalho e profissionalismo, comece desde o envio da proposta. Só há uma chance de causar uma boa primeira impressão.
Como você acha que seu cliente vai te ver se você enviar o preço por Whatsapp? Mas se você enviar um pdf lindão, com sua identidade visual aplicada, sua apresentação pessoal, o desafio a ser vencido / objetivo do projeto e todo o detalhamento das entregas, prazos, valor e forma de pagamento, como você acha que seu trabalho será percebido?
Não basta saber o quanto cobrar, você tem que se preocupar em como estruturar uma proposta comercial.
Crie uma apresentação de cair o queixo
Enfim chegou o grande dia da apresentação do seu projeto de identidade visual. É a hora que você terá para impressionar seu cliente e defender seu trabalho.
Não economize tempo para criar belos e realistas mockups tridimensionais e para montar uma convincente apresentação, selecionando cuidadosamente as imagens e investindo um bom tempo para criar textos justificando a linha criativa seguida, o conceito no qual o design foi embasado, a tipografia, cores, etc.
É uma boa hora, também, de lembrar seu cliente dos principais pontos falados por ele mesmo no briefing e moodboard. Isso vai fortalecer ainda mais a ideia de que o design apresentado, nada mais é, do que o resultado de tudo que foi falado antes do processo, somado às suas pesquisas e criatividade.
Reforce que o cliente participou junto com você do processo. Ele vai gostar de se sentir parte.
Coloque tudo em contrato
Uma prestação de serviços é um relacionamento e a melhor forma de iniciar um é já pensar em como será o fim, caso haja um. Eu não vou me aprofundar muito nesse assunto, mas aqui no blog tem um artigo só para falar de contratos.
Mas no meu caso, o que eu faço é só um logo, mesmo.
Se você achou muito complicado tudo que eu falei ali em cima, dos processos, das entregas e tudo mais. Talvez você esteja focado em fazer só um logotipo, mesmo. Nesse caso, você pode estar ameaçado pelos terríveis e destemidos “sobrinhos“.
Busque se atualizar e ampliar o valor do seu trabalho. Assim você eleva seu preço e atrai clientes mais qualificados.
Espero ter contribuído. Até o próximo artigo 🙂