Quando a renda é variável, se torna ainda mais desafiador fazer o dinheiro sobrar e começar a investir. Mas com o conhecimento certo e determinação você pode criar uma carteira de investimentos que atenda aos seus objetivos e ainda te gere uma boa renda mensal no futuro.
Para começar é importante esclarecer que carteira de investimentos é simplesmente o nome que se dá à união de todas as suas aplicações financeiras. Sejam elas de renda fixa – aquelas em que você sabe exatamente o quanto vai receber e que funcionam parecido com os empréstimos, só que nesse caso é você quem empresta seu dinheiro a uma instituição financeira e recebe juros por isso – ou de renda variável – aquelas em que você não conhece exatamente a rentabilidade e que funcionam parecido com uma sociedade. Se a empresa lucrar você tem rendimentos e se os preços caírem você também pode ter prejuízo.
É importante ter essas informações em mente na hora de montar sua carteira, pois elas vão influenciar na escolha dos seus investimentos.
Outra coisa importante que você deve saber é o seu perfil de risco, ou seja, quanto risco está disposto a correr com seu dinheiro investido, e existem 3 tipos de perfil:
Conservador
Pessoas com pouca disposição ao risco são chamadas de conservadoras, elas investem cerca de 90% do seu patrimônio na renda fixa e sua prioridade é manter o dinheiro seguro, mesmo que para isso tenham uma menor rentabilidade.
Moderado
Já os investidores de perfil moderado buscam segurança, mas estão dispostos a arriscar uma pequena parte do seu patrimônio na renda variável, visando melhorar a rentabilidade média da carteira. Os moderados investem algo entre 20% a 30% do seu patrimônio na renda variável, mas ainda assim a maior concentração dos investimentos está na renda fixa para garantir sua segurança e tranquilidade.
Agressivo
Pessoas com perfil agressivo, ou arrojado como alguns chamam, são aquelas com maior apetite ao risco. Elas priorizam a rentabilidade e entendem os riscos ao qual estão expondo o seu dinheiro ao investirem em ativos de renda variável. Mas julgam ser um risco que vale a pena correr para tentar alavancar sua carteira.
Investidores agressivos investem cerca de 30% a 40% do seu patrimônio em renda variável e o restante em renda fixa, priorizando uma reserva de segurança maior devido ao risco que correm no restante da carteira.
É preciso ser muito crítico na hora de escolher os investimentos quando o perfil é agressivo pois quando a exposição da carteira é maior, se faz necessária uma análise bem detalhada para escolher os investimentos, visando diversificar e administrar os riscos.
Agora, sabendo o seu perfil e como deve ser a distribuição dos seus aportes vamos entender como começar.
Por onde começar?
Para começar você precisa determinar qual é o propósito da sua carteira. E aí vai uma dica: a minha carteira tem 3 propósitos diferentes – me manter segura, realizar meus sonhos e cuidar de mim no futuro – por isso eu gosto de dividir a carteira em 3 partes para que cada uma delas atenda a um propósito.
Assim, consigo escolher investimentos diferentes alinhados a cada um desses propósitos, diversificando a carteira sem perder a clareza da estratégia.
Veja o exemplo que eu criei abaixo e pegue o raciocínio para criar a sua:
Propósitos da carteira | Objetivo do investimento | Características do investimento ideal |
Me manter segura | Reserva de segurança | Seguro com liquidez diária |
Realizar meus sonhos | Intercâmbio em 2025 | Seguro de vencimento a médio prazo |
Cuidar de mim no futuro | Aposentadoria em 2042 | Diversificados de longo prazo |
Quando pensamos em investimentos para reserva de segurança a prioridade é investir em ativos seguros, ou seja, investimentos de renda fixa em que o risco de perder dinheiro seja mínimo. E que tenham liquidez diária, afinal, nunca se sabe quando vai aparecer um imprevisto e você vai precisar sacar esse dinheiro.
Já os investimentos com o objetivo de realizar um sonho devem ser mantidos em investimentos seguros, mas com liquidez até a data em que você planeja sacar o valor para a realização desse sonho.
No exemplo temos um objetivo de médio prazo, até cinco anos. Então, o investimento pode ter o vencimento até 2024 (três anos) que ainda estaria dentro de um tempo hábil para contratar os serviços necessários para realizar o intercâmbio dentro do prazo estabelecido em 2025.
Para investimentos de longo prazo como a aposentadoria, que será daqui uns 20 anos, temos mais liberdade para diversificar entre investimentos de renda fixa e variável com vencimentos para longo prazo, e de preferência que paguem bons dividendos.
Esses, se bem escolhidos, tendem a render mais que outros tipos de investimentos, devido ao tempo em que o dinheiro fica aplicado e ao recebimento de dividendos que até a aposentadoria podem ser reinvestidos para aumentar o montante do patrimônio.
Agora que você já entendeu a parte teórica da coisa, vamos falar da prática, ou seja, levantar o dinheiro para fazer os investimentos quando não se tem um salário fixo.
Como investir quando os ganhos são variáveis?
Para começar, quero eliminar o mito de que se você investir uma vez vai ter que colocar o mesmo valor todos os meses. Isso não é verdade! Exceto se você contratar uma previdência privada de aportes mensais.
Os investimentos em geral não têm a obrigatoriedade de aportar todos os meses, você pode investir quando e o quanto quiser, o que é uma vantagem quando não se tem uma renda estável todos os meses.
É claro que se você investir todos os meses consistentemente e fizer boas escolhas, a tendência é que acumule patrimônio muito mais rápido e consiga viver de renda até mesmo antes do prazo planejado para a aposentadoria.
Como eu costumo dizer: o que te enriquece não é o quanto rende o seu investimento, mas o quanto você aporta todos os meses religiosamente.
Mas, para que isso aconteça quando se é autônomo, é preciso que tenha técnica e determinação. E aí vai mais uma dica:
Estabeleça um percentual da sua renda mensal ao invés de definir um valor específico para os investimentos. Por exemplo: você pode separar 10% ou 20% dos seus ganhos para aportar na sua carteira de investimentos. Depois de calcular quanto isso dará, você distribui entre os objetivos da carteira e investe uma parte em cada investimento correspondente.
Digamos que você lucrou R$ 5.000,00 esse mês e determinou que vai investir 20% dessa renda, portanto R$ 1.000,00. Sendo assim você poderia por exemplo, distribuir esse valor da seguinte forma:
- Investir para reserva: R$ 400,00 em um CDB de liquidez diária
- Investir para o intercâmbio: R$ 300,00 em uma LCI com vencimento para 3 anos
- Investir para a aposentadoria: R$ 300,00 no Tesouro IPCA+ com vencimento em 2035
É importante lembrar que isso não é uma indicação de investimento, é apenas um exemplo para que você entenda de um jeito prático e didático como seria uma distribuição de investimento entre diferentes objetivos.
Um outro ponto a se atentar é que, nos investimentos com vencimento específico, ou seja, sem liquidez diária, a cada mês seu aporte terá um novo vencimento pois é um título diferente do anterior que você irá comprar.
Agora, vamos derrubar um outro mito: o mito do “investir é coisa de rico”.
É preciso ter muito dinheiro para começar a investir?
A resposta é claramente um NÃAAO! Isso não é verdade! É apenas um mito enfiado na cabeça da maioria da população por pessoas egoístas que não querem compartilhar as boas oportunidades que o mercado de investimentos tem para todos nós.
Minha missão é justamente te mostrar o contrário: investir é para todos e você não precisa ter muito dinheiro para se tornar um investidor. Hoje em dia é possível começar a investir até mesmo com R$1,00 se você quiser. Existem investimentos para todos os bolsos. Veja alguns exemplos abaixo:
- É possível investir em um CDB a partir de R$ 100,00
- É possível comprar um título público do tesouro direto com apenas R$ 36,00
- Existem fundos imobiliários com cotas a partir de R$ 10,00
- E temos até mesmo ações na bolsa de valores que custam menos de R$ 1,00
É isso mesmo, você pode se tornar um investidor com apenas R$ 1,00 e isso é maravilho!
Então agora não tem mais desculpa para você ficar fora e não fazer parte do time de investidores também.
Por último, quero ressaltar novamente que o que faz sua carteira de investimentos crescer e você prosperar financeiramente tem muito mais a ver com a consistência com que você investe do que com a rentabilidade dos seus investimentos.
Portanto, priorize seu futuro, seus sonhos e a sua segurança investindo um pouco a cada mês. Faça disso um hábito, um autocuidado com o seu “eu do futuro”.
E se você está começando a investir agora saiba que essa é uma jornada a ser trilhada com paciência, persistência e conhecimento. Um bom investidor é um eterno estudante, e para te ajudar a continuar essa trajetória confira também uma aula que eu deixei pra você aqui sobre os primeiros passos para quem quer começar a investir.
Espero que coloque esse conteúdo em prática e comece logo a cuidar do seu futuro também.
Até a próxima!