Talvez você pense que esse texto não é pra você, mas eu preciso te dizer que no mundo em que vivemos, ser criativo se tornou item básico de sobrevivência. No entanto, a gente tem a tendência de atribuir a criatividade apenas aos grandes inventores, empreendedores, artistas, pensadores, etc. Vem comigo que vou mostrar como você pode aprimorar sua criatividade.
Seja você designer, arquiteto, dentista, pedreiro, pintor, médico, dona de casa, motorista de caminhão, mãe em tempo integral, professor, bombeiro, estudante, etc. Independente da sua atuação, mesmo que você não perceba, em quase todos os momentos você precisa da sua criatividade para resolver alguma coisa. Vai vendo!
O que é criatividade
Existem muitas discussões sobre isso e muitos acreditam ser um dom natural que nasce com a pessoa ou um talento especial adquirido durante a vida ou ainda fala-se até em poder místico.
Antes de continuar eu queria citar o que algumas das mais brilhantes mentes que esse mundo já teve, falam sobre isso:
- “Processo de mudança, de desenvolvimento, de evolução na organização da vida subjetiva.” (Ghiselin, 1952);
- “Criatividade representa a emergência de algo único e original.” (Anderson, 1965);
- “Criatividade é o processo de tornar-se sensível a problemas, deficiências, lacunas no conhecimento, desarmonia; identificar a dificuldade, buscar soluções, formulando hipóteses a respeito das deficiências; testar e retestar estas hipóteses; e, finalmente, comunicar os resultados.” (Torrance, 1965);
- “A expressão ‘pensamento criativo’ tem duas características fundamentais, a saber: é autônoma e é dirigida para a produção de uma nova forma.” (Suchman, 1981);
- “Quando “manipulamos símbolos ou objetos externos para produzir um evento incomum para nós ou para nosso meio.” (Flieger, 1978)
Formas bem diferentes de descrever o mesmo termo, né? Mas eu consigo tirar algumas importantes palavras-chave dessas citações: mudança, evolução, original, solução, novo e incomum. Todas, na minha humilde opinião, falam muito sobre o que é a criatividade.
Mas a criatividade não uma coisa genérica, ela é direcionada para determinados contextos. Ninguém é assim, um criativo coringa – Não dá pra ser bom em tudo, né?
Mas e sobre o dom?
Quando a gente fala em dom, significa qualidade inata, natural. É o mesmo que dizer que a pessoa já nasceu com habilidades incríveis – Uma dádiva, um presente! – Muito relacionado ao poder místico.
Eu, sinceramente, acredito sim que naturalmente temos afinidades para algumas coisas e outras não. Isso está relacionados aos nossos pontos fracos e fortes. Todavia nós temos a autonomia de escolher como vamos lidar com isso.
Quem aí nunca falou a frase “esse negócio não é pra mim!”?. Geralmente dizemos isso quando identificamos um ponto fraco em nós. Também pode ter aqueles que vão visualizar isso como um desafio e dizer: “vou aprender esse negócio!”
Dá mesma forma, quando identificamos um ponto forte podemos pensamos “Tá aí! Quero isso pra minha vida!” ou “não consigo me imaginar fazendo isso”.
E o Talento?
Diferente do dom, o talento pode ser construído ao longo do tempo, é relacionado a nossa escolha de dizer: Quero ser bom nisso!
Fazendo um paralelo, imagine alguém que nasceu uma voz supreendentemente potente, OU quem sabe uma sensibilidade incrivelmente acima da média OU, ainda, uma curiosidade bastante aguçada.
Se não for desenvolvido, provavelmente esse indivíduo nunca se torne um bom cantor OU um bom pintor OU um bom cientista. Isso porque para desenvolver uma habilidade, tem que PRATICÁ-LA. Buscar aperfeiçoamento constante.
Tá, mas como ser mais criativo?
A criatividade acontece quando canalizamos nosso repertório.
Mas o que repertório?
Sabe aquela famosa frase de Lavoisier: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”? Exatamente! (Não estou aqui defendendo a cópia ou plágio, tá? PLMDDS!)
O que essa frase quer dizer, pelo menos nesse contexto aqui é que a gente não cria as coisas do absoluto nada. O tão esperado estalo ou, como gostamos de falar: insight, acontece quando nosso cérebro, em suas infinitas conexões consegue trazer algo do nosso repertório que se encaixa perfeitamente ao problema que estamos querendo resolver.
(A propósito, olha essa definição de insight que achei no Google e me diga se num tem tudo a ver com o que falei ali em cima: “compreensão ou solução de um problema pela súbita captação mental dos elementos e relações adequados.”)
Nosso repertório é formado basicamente por todas as experiências e sensações que experimentamos ao longo de nossas vidas: os filmes, seriados e vídeos diversos que assistimos, feeds das redes sociais, livros, games, conversas como amigos, relacionamentos, músicas, comidas, viagens, etc.
Tudo isso (ou o que você julgar mais relevante) vai ficar armazenado, de alguma forma aí nas suas gavetas mentais.
O que isso tem a ver com a criatividade, afinal?
Com diria o grande Sherlock Holmes: “Elementar, meu caro Watson” – São justamente esses conteúdos guardados na sua mente, que servirão de inspiração para os problemas que você se propõe a resolver.
Procurar nas gavetas certas, é o que vai otimizar seu processo criativo. Isso é o que eu chamo de canalizar seu repertório. Em outras palavras, é a habilidade de filtrar e trazer o que é relevante naquele momento.
Exemplos:
- Quem sabe a ideia que você teve pra organizar seus livros no seu Home Office, num foi inspirado nas cenas de Harry Potter.
- Ou ainda, será que o quadro que você está pintando agora, num está trazendo características de alguma cidade que você visitou em suas viagens em família.
- E porque não dizer que o sabor daquela comida que você provou no último jantar com seus amigos, te fez lembrar da infância na casa da vovó e esse sentimento te deu insights para a cor de uma parede pra sua sala de estar, que você precisava tanto decidir.
O grande segredo para ser mais criativo
Eu sei que você leu até aqui pra descobrir a tão esperada dica de como ser mais criativo e o segredo é mais simples do que você imagina: Expanda seu repertório.
Não se preocupe em buscar sempre coisas relacionadas a sua área de atuação ou de interesses. Diversifique, busque novas experiências! Afinal nunca se sabe de onde pode vir a próxima inspiração. Tudo se torna combustível para sua criatividade fluir.
Criatividade gasta, pode acabar?
Claro que não! Quanto mais você praticar, mais você será eficiente em buscar em seu repertório, as inspirações para a solução que precisa – Nas gavetas certas.
É como tiro ao alvo ou pesca. Quanto mais você faz, melhor você fica 🙂
Até o próximo artigo!