Comunicação para todes. 10 Dicas para uma comunicação inclusiva

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Paola Mariano

Paola Mariano

Publicitária com foco em marketing digital, conteúdo e planejamento pra redes sociais, metida a querer empreender, no mercado há 9 anos. Brindo a vida e os momentos sempre que dá, vivo no mundo da Lua, com uma boa cerveja, um bom vinho, comida boa, muitas leituras e a vontade que nunca morre de viajar por esse mundão de meu Deus!

Você já está se adaptando a um novo normal diante de todo esse contexto de pandemia, não é mesmo? Pois bem, sua comunicação também precisa urgentemente de uma visita. Chegou a hora de você ao menos conhecer as questões relacionadas à comunicação inclusiva. Vem comigo?

Atualmente você anda se preocupando com muitas coisas relacionadas a sua comunicação e em como a sua marca se posiciona nas mídias, incluindo uma comunicação inclusiva, certo? 

Bom, caso sua resposta seja não, sinto lhe dizer que deveria!  

Isso porque, de acordo com as últimas pesquisas, 79% dos brasileiros preferem marcas com um posicionamento claro, sejam esses posicionamentos sobre política, cultura ou causas sociais. 

Você deve ter visto algumas das ações que deram muito o que falar nos últimos 6 meses, dentre eles o movimento #BlackLivesMatter e tudo o que se sequenciou a ele, vagas exclusivas para o público LGBTQI+ e para pessoas pretas bombando nos debates do Linkedin, além de toda a movimentação de grandes empresas para a criação de um programa sólido de cultura e inclusão, dentro de seus departamentos de RH.

Mas assim, esse nem é o assunto que vamos falar hoje, até porque, o que tem é pano pra essa manga! (Espero ter usado o ditado corretamente dessa vez).

O que eu quero é trazer uma das maneiras de ter mais atenção a essa pauta, sem necessariamente precisar gerar um posicionamento mais abrangente ou uma política de cultura organizacional maior para o seu negócio (ainda)

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Agora que você está um pouco mais, dentro do contexto, vamos falar sobre a escrita que anda utilizando no seu conteúdo, site, materiais impressos, comunicação interna e outros.

Por que falar sobre o não uso sexista da linguagem? 

Pra começar, eu queria trazer alguns princípios do UX Writing.

Clareza, concisão e utilidade. 

Ou seja, a minha mensagem está clara, eficiente, direta e simples, de acordo com o contexto, sem termos técnicos e/ou muito complexos? 

Eu estou deixando apenas o que é relevante para que os próximos passos ou as ações sejam entendidas por quem vai ler?

Se a resposta for sim, que ótimo, seu texto pode seguir para a próxima etapa.

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Eu sei, eu acabei de usar um termo técnico ali em cima, não é mesmo? Caso você não conheça ainda, o UX Writing segue os mesmos princípios do UX Design, ou seja, a elaboração de um texto totalmente pensado para garantir a melhor experiência para as pessoas usuárias.”

Sigamos!

Um outro aspecto que o UX Writing traz em consideração, são aspectos ergonômicos. Daqui a gente poderia falar mais um monte, mas eu vou trazer só uma citação pra exemplificar melhor: 

“Sem a necessidade de qualquer tipo de personalização ou acomodação, as características do sistema devem ser compatíveis com as do usuário em termos cognitivos (memória, percepção), demográficos (idade, sexo), culturais (hábitos), de competência (conhecimento e desempenho), assim como com suas expectativas. A eficiência é maior quando os procedimentos necessários ao cumprimento da tarefa são compatíveis com as características psicológicas do usuário”. 

CYBIS, W. D. E. A.; BETIOL, A. H.; FAUST, R. Ergonomia e usabilidade:

conhecimentos, métodos e aplicações. Novatec, 2010. p. 45-46.

Sacou? Quanto menos você precisar ficar adaptando os seus textos para a pessoa que vai ler, menor é o seu trabalho e com mais gente você se comunica. 

Fantástico! 

Sendo assim, a gente finalmente chega no ponto central desse texto: 

Como fazer uma comunicação inclusiva? 

Ah, já tava me esquecendo. Todes quem?

Se formos falar das questões de sexo e gênero, estaremos falando de: 

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Falando de inclusão, estamos falando de pessoas com deficiência auditiva, visual, autistas e outras diversas deficiências.  

Entender que essas pessoas existem, utilizam do seu material online ou impresso, precisam ser observadas e principalmente, pensadas, é o primeiro passo para que você assimile a ideia de uma comunicação inclusiva e não sexista.

Apesar de na gramática, existirem palavras do gênero masculino, feminino e neutro, crescemos e fomos educados com uma generalização social e política que nos levou a crer que, ao nomearmos um grupo de pessoas no masculino, automaticamente estamos contemplando também as mulheres, mas vamos combinar. Não estamos né?

Se em uma reportagem você lê que: “Pesquisadores brasileiros sequenciam genoma do coronavírus”, será que você realmente entende que foram mulheres que realizaram esse feito? 

Sem mentir pra si, heim! haha

Percebe que dizer “Pesquisadores brasileiros” nos leva automaticamente e visualizar homens pesquisadores?

Tudo bem você fazer essa associação, isso se deve ao fato de que o sistema do seu cérebro que faz julgamentos rápidos, é o sistema 1!

É ele quem reage, julga, opina, simplifica as informações que chegam até você.

Lembra de quando você escutou: “Pensa antes de falar” ? É sobre isso! 

Só depois que você processa a informação e a leva para o sistema 2 é que você considera, avalia, justifica e analisa.

Então, você sempre vai associar o que escuta de maneira breve, a não ser que pare pra fazer uma consideração!

Ufa!

Chegamos até aqui. Eu achei que era importante trazer esse contexto geral antes de te dar as dicas de comunicação inclusiva. 

Sabe porque? Não acredito que essa será uma mudança fácil e muito menos, rápida. Então entender a razão para fazer essas adaptações é tão importante quanto mudar.

Vamos as dicas que você tanto esperou e merece? 

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1. Remover o artigo em substantivos neutros e substituir plurais masculinos por termos genéricos:

Dê preferência a utilizar palavras neutras, sem masculino ou feminino para contextualizar e generalizar. Às vezes você vai precisar reescrever toda a sua frase para conseguir alcançar esse objetivo. No começo pode ser mais difícil e você pode acabar deixando passar algumas coisas, mas tudo bem, uma hora vai pegar o jeito e tudo vai parecer muito natural.

Ex: Os nossos clientes → Clientes da empresa 

Os líderes do movimento → Líderes do movimento 

Os homens → A humanidade | A população | O povo

Os eleitores → O eleitorado

2. Acompanhar da palavra “equipe” ou “pessoa”adjetivos, cargos e profissões masculinos no plural:

Você provavelmente já ouviu o termo: meninos do TI e/ou meninos do design, por mais que houvessem meninas por lá também, não foi?. Que tal começar a mudar esse costume com algumas reestruturações como:

Ex: Desenvolvedores → Pessoas desenvolvedoras 

Os desenvolvedores → Equipe de desenvolvimento 

Os médicos → Equipe médica 

Os designers → Equipe de design

3. Ao dar instruções, usar você ou vocês:

Além de ficar mais abrangente, ainda deixa tudo mais pessoal e próximo!

Ex: Os passageiros devem desembarcar aqui. → Você deve desembarcar aqui.

O consumidor estará mais seguro se guardar a nota fiscal. → Você sentirá mais segurança se guardar a nota fiscal.

4. Reescreva toda a frase se ela pressupõe que a pessoa com quem se conversa é do sexo masculino:

Ex: Bem-vindo → Boas-vindas

Ficou interessado? → Tem interesse? | Interessou-se?

Fique atualizado → Se atualize | Continue se atualizando 

Experiência do usuário →Experiência da pessoa usuária Experiência de uso

O candidato selecionado → A candidatura selecionada

5. Evitar o uso de “aquele que” e “aqueles que”, substituindo pela palavra “quem”:

Ex:Aqueles que quiserem falar → Quem quiser falar 

Forte é aquele que acredita → Forte é quem acredita

6. Idealmente, não utilizar “X” ou “@” para plurais:

Com certeza você já viu por aí frases com o uso de todXs ou tod@s, não é mesmo? Isso inclusive sempre gera uma certa polêmica de certo ou errado.

Bom, essa é a dica que nos puxa para o contexto de acessibilidade. 

Essas expressões são problemáticas para pessoas, por exemplo, com dislexia, com deficiência visual que utilizam leitores de tela e mais. 

Além de ficar puxado na hora de pronunciar. Tenta aí e vê como sai. rsrs

Por isso, a importância de pensar em toda a estrutura do seu texto para seguir as dicas anteriores, antes de precisar recorrer a uma solução de plural com essas terminações.

Caso precise utilizar, dê preferência a letra “e”, como no título: Comunicação inclusiva e  para todes.

7. Não deixe margem para dupla interpretação.

Pensando em pessoas com deficiência, algumas delas tendem a ter uma interpretação mais literal do que estão lendo, por isso, manter uma linguagem direta, sem erros, metáforas, abreviações, acrônimos e, se possível, fazer uma combinação da comunicação visual e textual, facilitam em muito essa leitura.

8. Evite parágrafos grandes.

Isso já é comprovadamente eficiente para todas as pessoas, não é? Por isso, se preocupe em usar títulos, marcações, quebras de linha e parágrafos estruturados sempre.

9. Utilize fonte e imagem de fácil compreensão. 

No meio publicitário já é comum não darmos margem para mensagens que possam gerar dúvida ou ruído. Pensando que na internet nós temos um número crescente de vários tipos de pessoas interagindo, precisamos nos adaptar e aumentar o tamanho de nossas fontes, deixar as imagens fáceis de entender e sempre que possível, adicionar um texto alternativo a elas.

10. Cuidado com os emoticons!

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Eles precisam ser muito claros com a mensagem que querem passar. Algumas pessoas têm dificuldade de diferenciar as expressões dos bonequinhos e podem acabar confundindo uma carinha de ironia com uma de raiva, por exemplo.

Chegamos até aqui. Nem acredito que você leu tudo.

Essas são apenas 10 dicas, se vocês derem uma estudada nesse assunto, vão encontrar não só muito material de leitura, como depoimentos e tutoriais das próprias pessoas com quem desejam conversar.

Inclusive, nada melhor para adaptar a sua comunicação do que saber o que as pessoas esperam dela. 

Que tal incluir em sua estratégia, uma pesquisa para identificar se no seu público, elas estão presentes?

Desejo a todes uma ótima jornada escrita!

Beijo

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