Não é novidade que as comunidades de designers que oferecem serviços online, a baixo custo, têm crescido rapidamente no Brasil de 5 anos pra cá.
O preço mais acessível e agilidade no processo criativo tem atraído cada vez mais empreendedores e empresas. Será que essas comunidades de designers são vilãs ou, quem sabe, inimigas do design “profissional” ou, simplesmente, o lado negro da força? Até onde essas plataformas podem prejudicar, nós, designers que atuamos da forma convencional? É uma concorrência desleal? Prostitui o mercado ou está atraindo um cliente que nunca teria acesso a um designer ou agência? É uma boa oportunidade para designers iniciantes ou que queiram complementar a renda?
Essas e outras questões serão respondidas neste artigo. Confira e tire suas próprias conclusões. A leitura é um pouco extensa, mas vale a pena. Pegue seu café e vamos lá.
Antes de mais nada, quero confessar que eu mesmo já cheguei a me cadastrar em uma dessas plataformas e até já participei de projetos. Também já as indiquei para clientes, quando percebi que não tinham verba para investir no projeto com o valor que eu pratico.
Vamos falar um pouco do WeDoLogos, uma empresa brasileira que em tão pouco tempo tem se destacado como a maior comunidade de designers da América Latina, que ganhou ainda mais força depois da fusão com a Logovia em 2015. Hoje com quase 7 anos, possui uma comunidade com mais de 100 mil designers, mais de 40 mil clientes atendidos, mais de 3 milhões de artes enviadas e mais de 13 milhões de reais pagos em premiações. Com excelentes qualificações, tanto por parte dos clientes quanto pelos freelancers da comunidade.
Entrevistei Marian Nassif, Analista de Marketing e Community Manager do Grupo WeLancer/WeDoLogos e Gustavo Mota, CEO. Eles nos explicaram um pouco mais sobre esse tão polêmico projeto e porque tem dado tão certo.
Quando começou a ideia de criar a comunidade e qual foi a principal motivação?
Surgiu em 2010 e o desejo era criar um ambiente para o designer freelancer ter um portfólio atualizado e acesso a milhares de clientes e jobs de todo o Brasil, trabalhando de casa, 100% online.
Me fale um pouco das plataformas WeDoLogos e WeLancer. Qual a diferença entre elas?
No começo, era apenas WeDoLogos: uma comunidade de designers, com o objetivo de atender pequenas e médias empresas na criação de identidades visuais. Essa comunidade foi tomando grandes proporções e, em pouco tempo, o cardápio de serviços foi crescendo e hoje criamos projetos de naming, sites, mascotes e peças gráficas diversas.
Logo percebemos que seria necessário outro canal para separar o relacionamento com os clientes e a comunidade de designers. Foi então que surgiu o WeLancer, uma plataforma criada exclusivamente para os designers freelancers.
Em resumo: Wedologos é onde os clientes compram nossos serviços e WeLancer é onde os profissionais criam seus perfis com portfólio, cardápio de produtos/serviços e participam dos projetos criados na WeDoLogos. Uma não existe sem a outra.
Quem são seus principais concorrentes?
Concorrente direto e com o mesmo modelo de negócio, apenas o 99 Designs, mas também existem plataformas como Freelancer e 99 Freelas que facilitam a conexão do cliente com um freelancer.
Qual o perfil dos clientes da plataforma?
Na grande maioria são profissionais autônomos e microempreendedores que, geralmente, não possuem orçamento para contratar uma agência ou profissional de renome. E muitas vezes estão fora dos grandes centros, buscam um processo mais rápido e uma forma de pagamento mais flexível.
Sabemos que no processo promovido pela WDL (WeDoLogos), um projeto é disputado por centenas ou milhares de designers, simultaneamente, podendo dar ao cliente centenas de opções de escolha em um tempo muito curto. Você não acha que isso pode dar para o cliente a sensação de que é algo fácil de se fazer, desvalorizando o profissional que atua da forma convencional?
Acredito que não, a concorrência dá ao cliente mais possibilidades e estimula aos freelancers da comunidade a criarem algo sempre melhor e mais rápido, aperfeiçoando ainda mais suas habilidades. Um processo bom para ambos e, na prática, não participam milhares de freelancers em um projeto, e sim de 8 a 10 em média.
Além da agilidade e das muitas opções que o cliente recebe, não é novidade que é ele quem define o preço que vai pagar pelo próprio projeto. Como vocês encaram a retaliação e revolta de designers que se incomodam com essa metodologia?
Como foi falado logo acima, não concorremos com agências, nem tiramos os clientes de designers profissionais. Quando muito, tiramos clientes dos “sobrinhos”. Além disso, damos oportunidade à designers que não teriam acesso à clientes ou agências para trabalhar, seja pela falta de experiência ou por residirem em pequenas cidades do interior.
Naturalmente, mesmo no processo convencional de mercado, já é o cliente quem define o valor que vai pagar. Isso funciona em todas as empresas. A diferença é que ao receber uma proposta alta de um profissional ou agência, o cliente escolhe trocar de fornecedor. Já na WDL o orçamento é definido pelo cliente, antes de tudo, e vai atrair designers que se identificarem com este valor, ou seja, quanto maior o prêmio maior será o nível dos profissionais interessados no projeto. Tudo é muito justo.
Existem plataformas, como algumas das citadas acima, onde o cliente e o designer negociam qualquer valor, inclusive com preços como 10, 20 ou 30 reais. Na WDL o valor mínimo para a criação de um logotipo básica para concorrência é de 590 reais, mas a média do ticket de investimento do cliente é 800 reais. Podem conferir em nossa página de produtos.
Além disso qualquer freelancer da comunidade tem a liberdade de criar seu próprio cardápio de serviços e colocar os preços que achar justo, em seu perfil. Nesse caso a plataforma funciona como uma loja e retém 30% de comissão sobre cada serviço negociado.
Na comunicação de vocês notamos o uso da polêmica expressão “Logomarca”. Me fale um pouco disso e das estratégias de marketing e vendas.
Estamos cientes de como o termo logomarca é errado, mas ainda é uma palavra que é muito pesquisada e converte muitos leads para nossa plataforma. Isso ocorre porque a grande imprensa comunica mudanças de marca e logotipo para sua audiência como LOGOMARCA. Sobre as vendas, hoje são feitas pelo televendas ou direto no nosso site, através de um atendimento online. Grande parte dos acessos são provenientes de Facebook, Instagram e Google ads, além de orgânicos. Já para a plataforma WeLancer não investimos em marketing, tudo é orgânico.
Fale um pouco de você, Marian, da sua trajetória até chegar na WeLancer, como era sua visão acerca da plataforma e porque ela mudou?
Trabalhei por 3 anos em agência de publicidade e quando vim para WDL já tinha conhecimento desses feedbacks negativos dos profissionais sobre prostituição do mercado e até concordava, em partes. Porém, minha visão mudou quando comecei a atender uma classe de novos empreendedores que jamais contratariam uma agência, ou que não teriam uma identidade visual profissional por falta de condições. As agência não são acessíveis para muitos empreendedores que estão começando seu negócio, muitas vezes em suas próprias casas, sem capital, funcionários ou estrutura.
Por outro lado vi, também, que levávamos demandas para muitos profissionais sem oportunidade, como já falamos anteriormente.
O fato é que geramos mais demanda e mais negócios que provavelmente nem existiriam. O que fazemos é conectar duas pontes que não seriam conectadas se não fosse a tecnologia e a internet. Fazemos a diferença na vida de muitos profissionais de design e para muitos pequenos empresários.
Poderia destacar 2 cases de designers da comunidades, que conseguem um bom resultado financeiro através da plataforma?
Bom, teríamos muitos para mencionar, mas vamos falar de dois grandes destaques que possuem uma bela história com a WDL:
Denilson ou Nil Design, como prefere ser chamado na plataforma, tem 30 anos, é de João Pessoa e iniciou, de fato sua carreira de designer graças a plataforma WeLancer, que conheceu através de um parente. Antes disso trabalhava com construção civil por bons anos, mas já arriscava algumas pequenas criações para ele mesmo e amigos, depois que fez um curso básico de design na época da escola.
Começou na plataforma com o intuito de aprender, mas aos poucos foi vendo a possibilidade de ganhar uma boa renda extra. Em 6 meses conciliando seu tempo entre os jobs da plataforma e seu trabalho na construção civil, ganhou 3 ou 4 projetos, até que resolveu fazer um teste e se dedicar exclusivamente à plataforma, e já no primeiro mês ganhou o equivalente ao seu salário na construção civil.
De lá pra cá a plataforma tem sido sua principal renda, que mais que dobrou em comparação à sua antiga atividade. Em 48 meses Nil se tornou o número 1 da plataforma, com uma renda total que passa dos R$ 210.000,00, uma média de quase R$ 4.500,00 por mês.
Ele dá uma dica pra quem pretende iniciar: “Procure projetos que você tem mais facilidade e persista!“
Veja o perfil de Nil na Welancer
Stefania tem 28 anos, é do interior de São Paulo, graduada em Gestão Ambiental e tecnóloga em Modelagem 3D. Conheceu a plataforma em 2013 através da empresa que trabalhava, que na época era cliente da plataforma e no mesmo dia criou seu cadastro.
Ela conta que demorou quase um ano para criar coragem e participar do primeiro projeto. Ficou muito feliz quando percebeu que podia ganhar um bom dinheiro extra, e de lá pra cá já são 216 prêmios do total de 643 projetos que participou, ou seja, 1 em cada 3 jobs que ela se inscreveu. Um ótimo resultado, afirma ela.
Logo no início, seu namorado até a aconselhou a sair da empresa que trabalhava e ficar só por conta da WDL, mas ela ainda tinha medo de não dar tão certo. Então resolveu se organizar e passou a dedicar 4 horas por noite, de segunda à sexta na plataforma, foi assim por um ano. Em pouco tempo ela começou a ganhar mais do que seu emprego atual e hoje ela trabalha apenas como freela, adquiriu muita experiência, tem uma excelente renda mensal e muitos dos clientes que ela conheceu e atendeu através da plataforma, fazem muitos outros jobs diretamente com ela hoje. Sem contar os muitos clientes que ela conquistou sozinha, graças a experiência adquirida na comunidade.
Veja o perfil de Stefania na Welancer
Que mensagem você gostaria de deixar para os profissionais que estão lendo esta entrevista?
Bem, acreditamos que criamos uma solução perfeita para você, que é freela e que prefere investir seu tempo em criar a melhor arte, sem ter a preocupação de ficar sem receber, já que a plataforma assume todo o risco e você receberá o valor à vista, mesmo que o cliente tenha parcelado no cartão de crédito. Além disso, você não vai precisar “correr atrás” de clientes, uma vez que sempre terão jobs à sua disposição na plataforma. Basta você escolher o que melhor se adequa às suas expectativas.
Sua experiência e seu portfólio, com certeza vão enriquecer. Você vai desenvolver habilidades para lidar com variados tipos briefings e prazos. Além de poder criar relacionamentos com clientes após a finalização de um projeto, que você tiver ganhado.
Se você é iniciante e decidir se dedicar, temos a total certeza que em pouco tempo você já será capaz de ter seus próprios clientes e construir uma carreira e tanto. E se você já for um profissional com experiência, poderá obter uma renda extra e complementar seu orçamento.
Bons freelas 🙂
Já que o assunto foi sobre design, se inspire com alguns artigos do nosso blog: Logotipos Minimalistas | Manuais de Identidade Visuais de Grandes Marcas | Logotipos Coloridos | Um bom Tipo de Logo. Ah! Confira também nossa Calculadora Online de Orçamentos e deixe para trás esse medo de colocar um preço no seu job 🙂
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