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Criando plágios

Criando plágios
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Marcos Medeiros

Artista Gráfico Digital. Produz Vídeos, FX, 3D, Vetor entre outras coisas do mesmo segmento. Em atividade na música desde os anos 80, passando por várias bandas com destaque para a banda Anabella78 que foi produzida por Rick Bonadio no ano de 2018. Músico independente sempre buscando um som próprio atuando como produtor, arranjador e também procurando analogias do cotidiano que entrelaçam entre a sua música e os diversos estilos de vida.

Plágio é a apropriação indevida de um produto intelectual (texto, obra artística, imagem, etc.) de uma pessoa sem lhe atribuir o devido crédito. E pode acontecer sem nem mesmo nos darmos conta.

Quando quero me expressar musicalmente ou apresentar qualquer nova ideia, procuro ser o mais original possível. Posso esbarrar em algo que já existe? Parecer ter copiado algo ou alguém? Claro que sim! Na música temos sete notas e as suas variações. Temos também estilos, modos e por aí vai. Mas sempre haverá um universo girando em torno destas mesmas sete notas.

Muitas vezes nos achamos originais e de repente nos deparamos com as “nossas ideias” já produzidas por alguém e corremos o risco de “plágio”. Existe, por exemplo, o chamado plágio inconsciente. Acreditamos que a ideia é nossa. Temos a certeza disso. Mas na verdade a tal da ideia já existia no mundo.

Foi o que aconteceu com  George Harrison. Sim, aquele mesmo, dos Beatles. Ele fez um plágio involuntário/inconsciente na canção My Sweet Lord. A música é idêntica a He’s So Fine do grupo feminino americano The Chiffons, que chegou ao primeiro lugar nas paradas de sucesso, nos EUA, em 1963.

My Sweet Lord, um clássico que todo mundo conhece, foi gravada em 1970. As duas têm a melodia e a harmonia muito parecidas. Harrison não fez isso de forma intencional. Apenas aconteceu, provavelmente porque a melodia já estava no seu registro mental, no inconsciente. E ele falou sobre isso abertamente em várias entrevistas – ele pagou uma indenização por conta disso.

Músicos, desenhistas, escritores, pessoas que trabalham com o criativo precisam ter essa consciência para evitar frustrações. Quem não se acha inovador e já passou por isso? – Acredita que está sendo original, mas não, porque alguém já executou aquela ideia de alguma forma. A genialidade é para poucos. É também preciso ser humilde para entender esse tipo de coisa.

Ser criativo não significa ser gênio. Este é o passo número um para a humildade. Todo mundo tem uma voz e uma forma de se expressar. Sempre existe algo que gostaríamos de dizer. Já repeti frases, situações e até mesmo costumes, nos quais, mais tarde, percebi estarem alinhados a pensamentos e atitudes de outras pessoas.

Quando agimos de boa fé e nos deparamos com coincidências assim, aquela sensação de orgulho e frustração se fundem. Por que?

Primeiro percebemos que a ideia é realmente muito boa, pois já está sendo apresentada por alguém. Em seguida vem o sentimento de que não foi você quem a executou originalmente. Quando isso acontece, podemos tentar apresentá-la da nossa forma, pois, se você já pensou sobre algo, com certeza tem o seu repertório para defendê-la com propriedade e pode atingir outras pessoas.

Expor uma ideia então nem sempre é sobre criar e sim comunicar a verdade que se sente, colocar a sua alma e o seu ponto de vista.

Quantos canais no YouTube falam sobre as mesmas coisas, ensinam a fazer um bolo, arrumar uma geladeira ou desenvolver algo no Powerpoint?

A voz de cada um de nós é única e não podemos ter medo de nos comunicar seja lá como for, por meio da música, desenho, escrita, dança, vídeo ou qualquer outra forma que lhe couber.

Simplesmente se comunique e faça-se existir.

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