O maior engano dos empreendedores, freelancers e profissionais autônomos é acreditar que por terem um negócio próprio podem lidar com as finanças pessoais e profissionais do mesmo jeito, deixando tudo “no mesmo pote”.
Esse é um erro clássico e que leva muitas pessoas à falência, não só do negócio, mas pessoal também.
Pense comigo: se sou funcionária de uma empresa e ela quebra eu sou demitida, mas saio de lá com seguro-desemprego, FGTS, proporcional de férias e décimo terceiro, e ainda tem o aviso prévio. Ou seja, a empresa quebrou, mas eu não.
Agora, como empreendedora eu tenho responsabilidades muito maiores. Meu pró-labore provém do meu negócio, se ele fatura eu tenho dinheiro, mas se quebrar, eu quebro junto. O risco é 100% meu!
Entende a diferença?
Como funcionária eu saio com todos os meus direitos garantidos e ainda tenho o seguro para me manter por alguns meses até encontrar um novo emprego. Como dona de um negócio quebrado eu quebro junto, saio sem nada, e talvez ainda fique com algumas dívidas, tanto profissionais quanto pessoais.
É por isso que não dá pra encarar o seu negócio como um bico, você precisa levar a sério sua organização financeira pessoal e principalmente a profissional se quiser prosperar no seu negócio.
Eu empreendo na área financeira há 3 anos e atuo como mentora financeira pessoal. Nesse tempo já atendi diversas clientes empreendedoras e a maioria buscou a minha ajuda pra organizar suas finanças pessoais e separar o pessoal do profissional e vou compartilhar com você as principais dicas que utilizei com elas e posso te garantir que funcionam.
Lucro não é pró-labore
O maior erro que você pode cometer com a organização financeira do seu negócio é tirar todo o lucro pra você. Lucro não é pró-labore! Se você faz isso atualmente, pare antes que quebre.
O ideal é você calcular o lucro líquido (faturamento – despesas totais) e desse lucro líquido estabelecer um percentual para seu pró-labore. Por exemplo:
Você fatura 10 mil reais por mês e tem 2 mil reais de despesas totais (sistemas, anúncios, impostos, material de escritório, internet, enfim…) isso significa que seu lucro líquido é de 8 mil reais.
Se estabelecer um pró-labore de 60% do lucro líquido você receberá da sua empresa nesse mês R$ 4.800,00 de salário para as despesas pessoais. Esse é o valor que deverá ir para o seu orçamento pessoal para pagar seus custos de vida.
Dessa forma ainda restaram 40% do lucro no caixa da empresa e é aí que chegamos à segunda dica.
Seu negócio é como um filho, precisa de segurança
Defina um percentual do lucro líquido para ser investido numa reserva de segurança para o seu negócio. Essa reserva deverá ser usada nas ocasiões em que sua empresa precisar de dinheiro, mas não tiver caixa para isso. Por exemplo:
- Situações de imprevisto: como um notebook com defeito, uma infiltração na parede do home office, cadeira de trabalho quebrada…
- Situações emergenciais: como a pandemia, adoecer ou outro incidente que reduza sua capacidade de trabalho e consequentemente o seu faturamento…
- Oportunidades lucrativas: como uma especialização que aumente o preço do seu trabalho ou agregue um serviço novo ao negócio, uma promoção na contratação anual de um software que vai agilizar o seu trabalho e te poupar tempo…
Enfim, uma reserva de segurança pode ser útil para negócio em diversos aspectos, tenha você um local de trabalho externo ou até mesmo para os home officers.
Todos os percentuais devem ser definidos por você, mas aconselho que pelo menos 10% do lucro líquido seja destinado para a reserva.
Agora você deve estar pensando aí: mas para onde vão os 30% restantes, depois de tirar 60% do pró-labore e 10% para a reserva?
Bom, isso nos leva à terceira dica…
Esteja um passo à frente
Mantenha sempre um caixa que possa ser usado como capital de giro e dê pra pagar as despesas do mês. Quando empreendemos não sabemos exatamente quanto será o faturamento do mês, por isso é importante ter um capital de giro que permita manter seu negócio funcionando mesmo que ele não tenha faturamento. Só assim você terá como continuar buscando clientes e manter o negócio de pé nos meses de faturamento ruim.
Lembre-se sempre: seu negócio não pode quebrar, pois você quebra junto!
Então, aqueles 30% restantes vão ser somados ao caixa da sua empresa todos os meses e serão usados para manter seu funcionamento.
Se ao longo dos meses você acumular um valor muito alto em caixa poderá fazer retiradas periódicas e acrescentar o valor à reserva de segurança para que esse dinheiro comece a trabalhar pra você, e renda juros ao invés de ficar parado na conta.
Essas retiradas também podem ser estratégicas para a troca de equipamentos, manutenção do seu local de trabalho, enfim… O intuito é usar esse caixa para garantir mais segurança, melhorar o negócio e faturar mais.
Você define o melhor a fazer de acordo com o momento em que estiver.
Mas por falar em colocar o dinheiro para trabalhar pra você, é bom que entenda a quarta dica direitinho se quiser mudar seu jogo.
Você não ganha dinheiro, você FAZ dinheiro
Empreender tem inúmeros benefícios!
Sério, se você já foi CLT alguma vez na vida faça uma lista de prós e contras do seu antigo emprego e uma do seu empreendimento atual, aposto que terá muitos prós em empreender e muuuitos contras em voltar para o CLT.
Mas como nem tudo é perfeito, apesar de toda liberdade de escolha que ganhamos ao criar nossos próprios negócios, também ganhamos mais responsabilidades, mais riscos financeiros e a maioria de nós também acaba se envolvendo em uma luta diária contra a procrastinação.
Principalmente os home officers que estão ali trabalhando no conforto de seus lares tendo o sofá e as distrações das redes sociais à disposição.
Por isso a importância de treinar seu cérebro para ser um aliado contra essas distrações e te manter motivado a FAZER mais dinheiro.
Quando você diz que precisa “ganhar dinheiro” isso não motiva o seu cérebro porque GANHAR é algo não exige nada em troca. Mas quando conseguimos internalizar o conceito de FAZER O DINHEIRO, seu cérebro automaticamente entende que precisa te colocar em movimento, te dar energia e gerar novas ideias para você conseguir FAZER o que precisa ser feito.
Experimente colocar isso em prática! E por último, mas não menos importante…
Haja como um empreendedor
Não dê desculpas para continuar com suas finanças desorganizadas, haja como um empreendedor. Assuma a responsabilidade pelas finanças do seu negócio e também sobre suas finanças pessoais.
É desafiador empreender e ainda ter que lidar com a variação de renda na sua vida pessoal e quanto mais organizado você for, melhor tende a se sair.
- Tenha um método de organização: planilha, aplicativo, livro caixa, o que preferir.
- Separe um percentual do seu pró-labore e invista para sua reserva de segurança pessoal.
- Aprenda a lidar com seu cartão de crédito e evite parcelamentos de longo prazo.
- Planeje antes de fazer grandes compras. Saiba mais aqui!
- Aprenda a investir para o seu futuro.
Esses pontos são extremamente importantes para começar a organizar suas finanças pessoais. Comece por aqui, mas se aprofunde no assunto à medida que for evoluindo financeiramente.
A independência financeira que você deseja é um processo e esse post vai te ajudar a colocar tudo em ordem para ter uma jornada mais tranquila. O passo inicial você já deu: começou a empreender. Agora é organizar e continuar construindo seu negócio.
Sucesso na sua jornada!