A criatividade é pura genialidade. Pensar que tantas ideias, projetos, poesias, mapas, obras artísticas e esculturais surgiram dessa combinação perfeita: lápis e papel como ponto de partida. E há um momento singular, quando estamos diante do papel: por onde começar, já que tudo pode ser a partir do primeiro traço, da primeira palavra?
Nos dias de hoje quando tudo parece ser transformado digitalmente pela tecnologia, o lápis e o papel ainda nos acompanham e terão lugar cativo na história da humanidade, pelo que tudo indica.
E o que dizer dos traços de Oscar Niemeyer, que se inspirou nas curvas femininas para desenhar suas obras arquitetônicas? Ele deixou registrado para sempre a sua criatividade infinita (e eternizada) mundo afora.
No Parque Ibirapuera em São Paulo, onde todas as obras arquitetônicas foram assinadas por ele, é uma oportunidade incrível de observar a sua imensidão criativa a céu aberto.
E a nossa capacidade criativa não tem limites. É uma criança traquina e inventiva que me faz lembrar o Menino Maluquinho, personagem criado (e desenhado à mão) pelo mineiro Ziraldo.
A criatividade brinca de esconde-esconde, mas de repente se revela e nos surpreende. É algo mágico que acontece na cachola da gente. Diante de um papel e com um lápis na mão, a ideia vira texto, vira marca, vira processo, vira layout, vira croqui, vira protótipo.
Eu mesma sinto falta de ter um bloquinho e um lápis sempre à mão para não perder os lampejos criativos. Até dormindo acontecem alguns sobressaltos. Do lado da cama tem essa dupla inseparável e até um abajur (sim, isso ainda existe..rs) para me ajudar a iluminar as ideias da madrugada, quando a urgência criativa acontece.
O papel no tempo
Esse invento incrível foi ‘descoberto’ no século 2 pelos chineses, que usavam fibras de algodão retiradas de trapos e roupas velhas. E assim o fizeram por mais de 1500 anos. O papel substituiu o papiro e o pergaminho usados para os registros na Antiguidade por gregos, romanos, persas e árabes séculos.
A produção de livros, jornais e revistas aumentou muito a partir do século 15. Mas foi apenas no século 19, na Revolução Industrial, que passaram a produzir o papel por meio da extração da celulose. O processo de fabricação permanece praticamente o mesmo desde essa época, mas hoje 98% da árvore é aproveitada na produção.
O lápis no espaço
O homem sempre sentiu necessidade de criar registros no espaço. Nas cavernas, usavam varas queimadas para fazer as artes rupestres.
Gregos e romanos usavam materiais metálicos como o chumbo para registrar dados em algumas superfícies. Hoje o lápis é formado por um estilete cilíndrico de grafite, envolvido por madeira, mas o chumbo ainda foi usado nos lápis até o século XX.
Lápis mais antigo do mundo encontrado em uma casa do século 17
Em meados do século 16, o lápis com grafite já havia se popularizado na Europa. Ele é considerado um dos objetos mais utilizados pelo homem desde as civilizações mais remotas.
E saibam mais: o Brasil é o maior produtor mundial de lápis.
Criar com a mão
Jake Weidmann é um gênio da arte de criar desenhos à mão usando a caligrafia. Ele é o artista mais jovem a receber o Certificado Master Penman, entre poucos representantes no mundo.
Ele defende a importância das crianças aprenderem a ler e a escrever à mão, porque ao formar as palavras e letras, adquirem um conhecimento mais profundo das estruturas de cada uma delas.
Nos dias de hoje é importante equilibrar o analógico e o digital, sem abandonar o ato de escrever, que incentiva muito o processo criativo.
Quem aí se lembra da canção de Toquinho, que embalou a infância criativa de toda a criançada?
É um desafio incrível para o cérebro de uma criança aprender a escrever em letras cursivas – eu me lembro perfeitamente desse processo. O caderno sem linhas nos dava asas para voar página acima, página abaixo.
Segundo Weidmann, alguns cientistas descobriram que o ato da criança escrever à mão, estimula as diferentes partes do cérebro, que se manifestam como as de um adulto, quando escreve e raciocina coisas complexas.
Lápis + papel em ação
Mas como organizar toda essa produção criativa que a gente anota nos caderninhos, quando as ideias vão ganhando a configuração de um novo projeto, que pode ser um livro ou um diagrama de um novo método?
Quando você decide criar um novo negócio ou está desenvolvendo algo para um cliente, como um logotipo, por exemplo, algumas ferramentas podem ajudar a organizar melhor as ideias, usando lápis e papel – isso mesmo nossos velhos companheiros de vida.
E essa imersão vai valer a pena, se conseguirmos materializar as ideias nesse espaço incrível de transformações criativas. Então, mãos à obra!
O produto da criatividade
Muitas empresas e profissionais têm adotado práticas colaborativas para criar produtos e serviços usando lápis ou pincéis coloridos e aqueles papéis com uma colinha no verso, os famosos post-its (o invento da 3M que viralizou e se tornou “produto pela marca” como aconteceu com a Maisena e o Gilette em suas categorias).
O processo de criação coletiva incentiva a participação de vários membros de uma equipe, envolvendo-os no processo de forma bem criativa. Além disso, o resultado é um quadro colorido, bem visual e acessível para facilitar o acompanhamento e novas intervenções de forma dinâmica.
Ferramentas como Design Thinking, UX, UI, Canvas, as nuvens de palavras entre outras formas, têm reinventado o jeito de criar soluções, elaborar estratégias, planejamentos e antecipar experiências dos usuários.
É linda a experiência criativa e o quanto somos capazes de experimentar com um simples lápis e papel. Dedique-se a escrever uma carta de próprio punho para um amigo e faça desenhos que representem você. Vai ser uma surpresa e tanto!
Escreva um recadinho de amor e deixe na geladeira. <3
Tente resgatar a sua criança interna e faça rabiscos infantis em seus momentos de estresse. Permita-se criar livremente no papel.
Faça o exercício da simplicidade despretensiosa. Liberte-se da tela luminosa e do mouse e faça uma imersão criativa com lápis da Faber Castell. Tenho certeza que você vai relembrar muitas sensações e de repente pode até resgatar algum talento que ficou esquecido pelo caminho.
E se você seguir o meu conselho, caro leitor, volte aqui pra me contar sobre a sua experiência e descoberta! 😉