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O valor do trabalho: do freela pra vida

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Nayara Soares

Não bebo café nem sou designer, mas vim dar pitaco aqui assim mesmo. Prazer, Nayara! :) Redatora publicitária de formação e prática, me embrenhei no mundo das mídias sociais quando o Twitter ainda era tudo mato. Sou LDS, mineira, emigrante radicada na Califórnia (mas #prefirovilavelha) e casada com um doido aí que eu conheci no Tinder.

Aprender o valor do trabalho deveria deixar de ser uma exigência que a gente faz pra que o outro atenda e passar a ser uma atitude positiva que parte da gente em relação ao trabalho do outro.

Nesse mundo meio ovo de marketing, design e publicidade que a gente vive é muito fácil encontrar casos e casos de profissionais que tiveram seus serviços requeridos por pessoas que não estavam dispostas a pagar o preço proposto, que não entendem o valor do trabalho que a gente presta.

A galera das artes gráficas, então, acumulam essas histórias em montes maiores que os de moedas que o Tio Patinhas mergulhava na abertura de Ducktales. Tem sempre o tal do “ah, mas meu sobrinho faz por menos da metade!”. Ou o “pago com divulgação”. E dá uma raiva, né?!

O valor do trabalho - Ducktales

O que eu já vi de artistas e ilustradores reclamando nas redes sociais sobre a desvalorização do seu trabalho chega a me deixar revoltada. Eu, que não tenho nada a ver com o negócio, mas que sei como é chato quando não entendem o esforço que a gente coloca naquele projeto, as horas de dedicação e todo o investimento com materiais, recursos, pesquisa e estudo que, somados, são o preço cobrado. E olha que muitas vezes a gente que faz freela até cobra um preço camarada em consideração à amizade pela pessoa precisando do serviço e ainda assim não é suficiente.

É ruim. É chato. Só de pensar eu fiquei invocada aqui já.

Mas, sendo um pouco advogada do diabo, quantas vezes a gente não fez a mesma coisa com o valor do trabalho do outro? Quantas vezes deixamos de comprar alguma coisa ou, pior, menosprezamos os serviços e produtos de alguém porque tava caro demais, não vale isso tudo?

Se tem uma coisa que eu aprendi com essa história de morar nos Estados Unidos é que gringo detesta gente que pechincha. E eu comecei a dar razão pra eles.

Pensa comigo naquele pão de sal top, quentinho, que chega a derreter a manteiga. Final do dia, pós-expediente, 6 da tarde, fome e cansaço. Você resolve passar na padaria antes de ir pra casa e comprar uma meia-dúzia de pão francês pra comer com um copão de Nescau (pois é, eu não tomo café). Mas o preço, na sua opinião, tá um absurdo. Um pão francês custar isso tudo? Tá louco! Melhor compro um pacote de pão de forma aqui e boas.

Vai te encher a barriga? Vai. Vai passar sua fome? Vai. Mas vai ter o gostinho de pão de sal com manteiga derretida, crocantezinho com as casquinhas até caindo na roupa? Não vai! (Você tá aguando a boca aí? Porque eu tô quase babando só de imaginar a cena!)

A lógica é a seguinte, não tá disposto a pagar o preço, não reconhece o valor do trabalho, você tem duas opções: Ou escolhe um pão diferente ou aprende a fazer você mesmo o pão francês. Se você opta pela segunda opção, descobre que precisa de um tipo de batedeira de massa especial. Aquela Walita simples da sua mãe que ela ganhou no chá de panela quando tava pra casar não resolve. O fermento que usa não é pó Royal. O forno que precisa tem que ter controle de temperatura, o que o da sua casa não tem. Tem que ter umas prensas pra fazer os rolinhos senão você vai ter que passar mais duas horas só cortando e enrolando massa, e o freela que te contrataram precisa ser terminado pra ontem.

E agora eu te pergunto: vale ou não vale a pena comprar o diacho do pão antes de chegar em casa?

O trabalho do padeiro e de todo mundo envolvido no processo não só tem um preço mas também tem valor. A diferença é o que faz você respeitar o conhecimento dessa galera, a prática e a habilidade que você não possui. Isso vale pra todo e qualquer serviço e produto no mundo, não só pro seu freela.

Então, se a gente quiser que exista uma mudança de percepção entre preço e o valor do trabalho, se reclamar no Facebook não tá dando resultado, que a gente comece a mudança na nossa própria atitude com relação ao serviço do outro. Ao valor do trabalho do outro.

Quer aprender como fazer isso de uma forma muito interessante e prática? Experimenta trocar o seu serviço pelo serviço do outro. O tal do escambo! Tenta, ao invés de cobrar dinheiro, fazer uma troca de serviços, de produtos, de conhecimentos diferentes. Uma plataforma que descobri recentemente e que me ajudou a ver as coisas por essa perspectiva é o site/App Simbi. Através dele eu pude trocar uma sessão dos meus serviços de mídias sociais por uma hora e meia de massagem, brother! Aliás, 3 horas no total, porque joguei meu marido na roda também. E foi absolutamente sensacional! Eu nunca tinha recebido uma sessão de massagem porque achava trivial e caro demais pro meu gosto. Não é uma necessidade então eu podia viver de boa sem tentar.

E, pensando bem, quantas coisas na vida são realmente necessárias? Eu não queria te dizer isso, mas seu serviço provavelmente não é, como o meu também não. Necessidade, que nem Balu e Mogli nos ensinam muito bem, é aquilo que a gente precisa pra continuar vivendo de boa. É a tal da filosofia minimalista que a gente usa muito no design e pouco na vida e que um dia posso voltar aqui pra falar sobre.

O valor do trabalho - Mogli e Balu

Enquanto isso, meus queridos, vamos aprender a baixar a nossa bola e aprender o valor do trabalho do outro, pra que venham a valorizar a gente também e assim todos seremos melhores e felizes.

Beijo na testa e feliz dia do trabalho! 🙂

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