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Cinema e a Arquitetura: Os cenários que contam a história não falada da sétima arte

Cinema e Arquitetura
Jéssica Yamada

Jéssica Yamada

Humana inconformada, inquieta, curiosa. Apaixonada pelas artes tenho como preferidas, arquitetura, cinema e gastronomia. Minha curiosidade diversa costuma me levar para fora dos lugares comuns e que podem fugir um pouco da lógica. Arquiteta e Urbanista de formação, hoje divido minha vida trabalhando com inovação e vivendo meus hobbies.

Nesse artigo vamos explorar a influência do cinema e da arquitetura nas construções narrativas dos filmes e como ela influencia diretamente nas suas emoções sem dizer uma só palavra.

Como diz uma famosa frase, uma imagem fala mais de 1000 palavras. 

Há alguns dias fui ao meu cinema favorito da cidade, é um cinema simples com apenas duas salas, a curadoria dos filmes possui uma mescla de filmes mais alternativos e alguns mais populares mas todos possíveis ganhadores de Oscar entre clássicos e contemporâneos.

Os filmes exibidos neste espaço me inspiram profundamente a observar e ter uma instigante vontade de contar o que eu, como arquiteta, enxergo em todas as exibições que assisto. 

Cinema e os seus cenários

O cinema e os filmes sempre estiveram muito presentes na minha vida cotidiana, muitas memórias de infância me remetem a esses momentos frente às telas.

Quando penso no que poderia ser as primeiras manifestações de uma Jéssica arquiteta me veem sensações de encantamento com os mais diversos e criativos cenários de desenhos como a casa da Edna Mode de os incríveis e como era encantador ver os cenários em que se passavam algumas cenas do filme. 

Casa da Edna Mode em “Os Incríveis”

Lembro ainda como se estivesse assistindo a primeira vez o primeiro filme da sequência de Harry Potter, o personagem, adentrando o famoso refeitório de Hogwarts e como eu me encantei junto com ele ao ver quão colossal era aquele espaço.

Contando algumas das minhas experiências e sensações com a arquitetura me veio a explicação para esse artigo.

A arquitetura em sua mais profunda essência traz a composição de cenários reais da nossa vida. A arquitetura está em tudo. As sensações que descrevi podem ter sido completamente diferentes para cada um e a arquitetura é sobre isso, porém quando se trata de uma produção audiovisual tudo é milimetricamente calculado e cuidadosamente pensado para que tenhamos sensações específicas, as formas, cores, cidades e a maneira como os personagens interagem através dos cenários.

Nesse artigo podemos explorar a importância dos elemento arquitetônicos e como eles contribuem para a construção da história no cinema.

Cena do filme “Harry Potter e a Pedra Filosofal”

Um dos filmes mais marcantes da minha vida foi Cinema Paradiso. O filme como o próprio nome sugere trata-se de um cinema cuja a vida de uma pequena cidade no interior do sul da Itália está diretamente ligada.

A maneira como as relações são desenhadas ao longo da trama sugeriram uma valorização do espaço público além do imaginável, eu que na época cursava uma disciplina de patrimônio não poderia ter encontrado explicação melhor para importância dos espaços compartilhados e como é tênue e sensível a importância desses espaços. 

Cena do filme “Cinema Paradiso”

Os cenários da vida 

Quando relacionamos essas sensações da vida real com cinema, começamos a criar um paralelo de sentimentos que envolvem a importância dos espaços, a arquitetura e urbanismo real e como ela é capaz de mudar nossos pontos de vista.

Um exercício bem bacana seria pensar no inverso de todos os cenários impactantes que podem ter marcado a sua vida em algum momento, exemplo uma espaço luxuoso em um lugar simples, um espaço colossal em um pequeno lugar com altura razoável, 30 segundos para explorar sua imaginação. 

Entendeu o quão profundo é esse trabalho? 

A história que muitas vezes não é contada através de diálogos e escrita em cada milissegundo de filme através dos cenários, ainda, quando pensamos nas projeções de cidades dos cenários nos deparamos com imagens que reconhecemos ou na mais pura criação cenários que nunca vimos antes proporcionando uma sensação de liberdade e encanto como no caso da animação japonesa Serviços de entrega da kiki do aclamado estúdio Ghibli.

A cidade que não traz quase nenhuma referência de alguma cidade existente pronta, faz referência a um mix de referência de diversas arquiteturas  e a sensação de encanto em cada um dos detalhes presentes traz uma imersão vista poucas vezes na história do cinema e das animações.

Nesse artigo há uma exploração mais detalhada sobre a construção da cidade da animação: Urbanismo de Hayao Miyazaki: a cidade além da ficção.

Cena do filme “Serviços de Entrega da Kiki” de 1989

Voltando para um olhar mais contemporâneo a nova Gotham do novo filme do Batman é quase um dos personagens integrantes na trama, a cidade acende em meio a temática dark do filme e demonstra sua sutil proximidade com a cidade de Nova York, demonstrando sua essência na trama.

A concepção de cenários como esses trazem muitas vezes o tom do filme na maneira em que a direção de arte escolhe perfeitamente os ângulos, cores, as luzes do dia ou até mesmo a ausência delas como no caso do exemplo. 

Cena do filme “The Batman”

Grande parte dessa composição dos filmes é trabalho de diretores de arte e fotografia que transformam cenários, personagens e figurinos em histórias reais que por vezes só se encaixam na cabeça dos diretores. Mas a história que caminha por esse lado é longa e daria um ou mais artigos dedicados a eles. 

Claro que quando falamos da habilidade de tradução da trama dos filmes e suas nuances, temos que dar créditos às suas famosas exceções de diretores que podem ser considerados os grandes artistas de obras primas do cinema.

Seria impossível não deixar aqui a referência de Stanley Kubrick e como sua fotografia e icônicos personagens e cenários se tornaram referências no cinema.

Os diferentes gêneros explorados por seus filmes trouxeram à luz (literalmente) a diferença de uma excelente composição fotográfica e como o impacto visual causa a verdadeira imersão nas histórias trazidas pelos filmes.

Confesso que quando assisti 2001- Uma Odisseia no Espaço quase me transmitiam o cheiro dos lugares. 

Cena do filme “2001 uma Odisseia no Espaço”

Dados os devidos créditos Kubrick antes de brilhar na direção de grandes filmes era fotógrafo, o que explica muita coisa não é mesmo?!

Como dito anteriormente, esse é um assunto que vai longe na história e imaginação de cada um de nós. Adoraria nos encontrarmos novamente para falarmos sobre mais filmes, cenários e arquitetura.

Então até breve, nos vemos no próximo artigo. 

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