Quando ser produtivo não significa ter que trabalhar além da conta.
Estamos inseridos em um contexto de mundo que dá a impressão que os dias estão mais curtos, a pressa está maior, os prazos estão menores, a paciência está em extinção, clientes exigindo resultados express e nós, criativos, somos “obrigados” a desenvolver a criatividade em sua extrema excelência e por isso, muitas vezes nós mesmos nos colocamos nesse lugar, que nem deveria ser o nosso.
Ser produtivo é muito bem-vindo no dia a dia, mas até que ponto isso pode ser prejudicial à criatividade?
Sim, clientes têm suas demandas emergenciais, mas o criativo precisa determinar a sua capacidade de produção, levando em consideração a sua realidade de vida e a partir disso, atender as solicitações dentro de prazos saudáveis, possíveis e justos.
Quando ser produtivo interfere na criatividade
A criatividade precisa de tempo para ser desenvolvida, não é uma conta matemática, um botão que aperta e ela surge, nem vem automaticamente ao iniciar um job. A produtividade está diretamente ligada a esse espaço não ocupado, para que as ideias ganhem forma.
Ser produtivo não é ter um expediente extenso, não é trabalhar o dia todo freneticamente sem parar para almoçar ou tomar aquele cafezinho da tarde e ficar no computador durante o final de semana tentando adiantar as demandas. Permita-se ficar sem fazer nada e prepare-se para experimentar a criatividade em outro nível.
Parece ser contraditório se tem prazo para cumprir e sugerir praticar o nadismo, porém, isso faz muito bem! A mente precisa de um respiro para absorver os estudos do briefing, as pesquisas realizadas, as anotações importantes da reunião com o cliente e por aí vai. Os insights vão surgir nesse intervalo, entre a imersão nas informações e o início da criação do projeto.
Não se sinta culpado por ter tempo livre ou desejar isso no seu dia. Use o tempo a seu favor.
“Não é sobre tempo, é sobre escolhas. Como você está gastando suas escolhas?” – Beverly Adamo.
Toda a pressão externa que existe pode condicionar o “não fazer nada” com a obrigatoriedade de ter que trabalhar, mas não faça isso, por favor, pelo menos não sempre. As horas vagas, ou até minutos que sejam, vão colaborar com o seu tempo produtivo, aumentar a criatividade e consequentemente a qualidade da entrega para o cliente.
Por falar em entrega, quando há qualidade de tempo, não é necessário realizar apenas um projeto por vez. Administrar as demandas e o tempo livre, que já vimos o quanto isso gera produtividade positiva, é essencial para desenvolver trabalhos simultâneos.
Iniciar um trabalho não significa que precisa desenvolvê-lo do início ao fim para depois começar o outro. Os intervalos entre os processos são as grandes “sacadas” para dar o espaço que a mente precisa para absorver as informações de cada etapa. Nesses intervalos é possível fazer a etapa 1 ou parte dela, incluir um tempo livre, iniciar a etapa 1 de outro projeto, depois de um outro intervalo voltar ao primeiro projeto da fila e assim, vai equilibrando as demandas e expandindo a criatividade.
Ficar preso exclusivamente em um projeto só, pode ser mais desgastante do que produtivo e é nessa hora que o bloqueio criativo surge sem ser convidado. Insistir em uma etapa que não está fluindo não colabora nada com a mente.
Coloque o tempo livre no seu planejamento diário, que pode ser fracionado, ou não, mas faça isso com intencionalidade, para dar vida à criatividade necessária para executar uma ideia.
Uma das maneiras de tornar isso possível é você apresentar um prazo que condiz com essa prática. Oferecer um prazo curto nem sempre significa eficiência, pense nisso.
Divirta-se nos processos, quando se faz o que ama e tem tempo para imergir em cada etapa sem uma autocobrança injusta por resultados instantâneos, tudo se torna mais surpreendente.
Não limite a produtividade a um tempo curto para realizar um projeto relevante.
Seja produtivo, mas nem tanto!